segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Zona De Conforto

Amar é ter um pássaro pousado no dedo. 
Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar. Rubem Alves


Se tirar qualquer parte do teu corpo de cima de mim, mesmo dormindo, sinto falta. Mas você não pesa, tenho quase que te amarrar no pé da cama para não saíres voando. Quando cansas de dormir me abraçando e viras para o outro lado, entro naquela parte ruim do sonho, quando nos perdemos, caímos ou ficamos angustiados sem saber porquê. Todo sonho meu agora têm você. Todo sonho dormido ou sonho sonhado têm você e o que vem de você. E tem sido assim desde aquele sonho em que me apareceu de intruso. Era impossível sonhar tanto com alguém que eu nunca tinha trocado meia palavra. Mas quase toda noite sonhava com teus olhinhos e teu sorriso turvo – porque só te via de longe e ainda não usava óculos, só sabia quem era você quando abria o sorriso. Até longe tu és difícil. Quando perto ainda é um sonho. Mas em sonho tu és bem perto.

Antes de te conhecer eu tinha uma ideia fixa, que me incomodava até, sobre a palavra 'sonho' que se usa para o sonho quando dormimos; aquelas imagens loucas, desconexas, felizes, assustadoras e sem sentido (não muito diferente do nosso dia-a-dia)... E a mesma palavra para as nossas idealizações, o que a gente passa horas do dia e anos da vida para aprimorar, tomar coragem, quem sabe até realizar. Mas como eu disse, isso foi antes de te conhecer. Agora tudo faz sentido porque você entrou na minha vida como um sonho sem sentido para se tornar meu sonho que eu nunca idealizei. E dane-se o pouco sentido que isso tudo faz!

Saio da minha zona de conforto e me viro para fazer o ritual: Meus pés ocupam os vãos de tuas pernas, respiro o teu cangote como frasco de perfume francês e com os mesmos olhos fechados, dentro do mesmo suspiro, a ponta dos dedos escorregam no teu braço pra fazer onda de arrepio antes do abraço, depois solto o suspiro para outro arrepio. Então enlaço e volto a sonhar. 

– Ully Stella


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Remoto Controle



Veja bem, a falta de limite que me trouxe até aqui; até o limite. Engraçado isso né? A gente diz que uma coisa é engraçada quando ela nos surpreende e não temos o que comentar sobre ela. A ironia é a explicação da falta de uma explicação mais sensata, mais bonita, é um explicação falsa, dolorida. Ironia nunca foi engraçada, ironia é triste, ironia é a falta de saída. Tô no limite da minha falta de limite, fingindo rir com os convidados, fantasiada de ironia porque a saída ficou a milhares de limites atrás.

Como uma amante fugitiva, vivi na garupa do acaso por todos esses anos. Sinais, nem olhávamos mais, nem destinguiamos cor ou importância. Qualquer transito que tentasse conter nossa pressa, guardava corredores para nossa fuga. Era curiosidade, fome, morria de vontade de sei lá do que, vontade de chegar sei lá onde, vontade de ir embora logo assim que chegasse... Depois que arrisquei a velocidade mas alta, foi simplesmente incabível não viver para se chegar sempre naquela velocidade. A falta de limite é o maior dos vícios. Quando atingimos um limite, tudo zera, e esse antigo limite se torna o mínimo que podemos alcançar. Depois do primeiro limite ultrapassado você entra em um território livre de barreiras, é um lugar na mente chamado loucura.

Pulei todas as fases que podia, usei macetes, códigos, lábia e malandragem, driblei as leis pra chegar no fim desse jogo, como se eu só estivesse antecipando o melhor que eu poderia viver. Em tudo, sabe o que ainda me sobra? Inocência, porque fui incapaz de perceber que antecipei o pior junto com tudo. A poucas horas - dias talvez, não sei bem - estive diante do maior desafio da minha vida e não tive a mínima idéia de como vencê-lo porque pulei as outras fases, não as vivi, não vasculhei em cada momento o que me deixaria hoje mais forte para enfrentar a fase mais difícil como deveria. A derrota foi certa, o sangue foi acabando a medida que aquele "monstro" foi me lembrando que perdi todas as minhas outras tantas vidas em cabeçadas desnecessárias em paredes que nem foram feitas para eu bater.

Será que você entende o porque sempre fui tão "muito mais madura para minha idade" agora? Corre na gaveta de recordações, vasculha um cadinho e acha meu convite de 15 anos... Eu ainda sou aquele mesmo moleque de vestido balone que continua procurando a cura do meu vício de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi. Juro que sou.

A tela está piscando "Continue?", mas meu orgulho não entende que perdeu o jogo que era invicto de que eu sairia como vencedora. Estou aqui, no limite, com o controle na mão, mas imóvel, em choque, molhada, de suor, de lágrimas...

Continue?
[...]
– Ully Stella


Escuta baixinho... Não cante, sussurre.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Milagre?

"Botas... As botas apertadas são uma das maiores venturas na terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar." Machado de Assis





Não gosto do escuro. E lembro bem porque não gosto. Ou melhor; por quem. Não suportava a ideia de desperdiçar a melhor visão do dia com qualquer falta de luz que me atrapalhasse o enxergar. Se sorria fechava os olhos que me faziam sonhar toda noite, se abria os olhos é porque tinha descansado o sorriso que me fazia sorrir todo dia. E tudo dentro desse meio termo parecia magia. Depois que sumisse da vista, eu poderia andar pelo meio da rua mais vazia, da floresta mais sombria, que não ligaria. Mas se comigo estivesse, nem que a minha pele fosse a ultima coisa a se esfregar para criar fogo, eu faria, para que iluminasse aquela face.

Pouco a pouco, escravos daquela intensidade, eu acreditava que renascia toda vez que acordava de qualquer soninho na curva do peitoral dele. O sol fazia um esforço enorme para ultrapassar uma brexinha daquela janela, sufocada por cortinas, muros próximos e casas vizinhas. Mesmo assim, o sol comparecia no pouco que podia, pra ser holofote do nosso final de carnaval que toda semana fazíamos entre aquelas quatro paredes quase sem cores.

Cada vez que ele sorria e me olhava no fundo dos olhos... Era como se eu sentisse que, naquele mesmo momento, um bebê lindo viesse ao mundo, como se alguém se salvasse de um acidente, outro realizava um sonho ou presenciasse um milagre... Era como se, de verdade, eu sentisse que alguém no mundo estava chorando de felicidade.

Mas onde transborda paixão, falta sanidade. Paixão e sanidade são substâncias muito diferentes. Nos sacudíamos, queimávamos juntos se necessário fosse, fizemos o que podíamos né? Mas água e óleo só são colocadas na mesma frase como exemplo do que não se mistura, não combina.

As pessoas continuam sendo salvas, realizando sonhos, bebês nascem toda hora, pequenos  e grandes milagres acontecem todo dia, inclusive comigo e com você. E eu sou feliz, a única coisa que mudou é que não sinto mas essas coisas acontecendo.


– Ully Stella

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

(sus)pirando

Ela suspirava muito alto, vezes seguidas. Insatisfação.  A consciência latejava como pés que andaram demais.
Mordo minha língua. Enlouqueço de dor. Choro. Raiva.

- "Bebe um café quente para adormecer a língua."

Penso se existe alguma coisa quente que adormecesse a mente. Esqueço. Bebo. Engasgo. Tosse... Morrerei!!! No chão. Chorando. Desespero - que se difunde com resquícios de raiva de segundos atrás que não secaram.
Levanto. O  sorriso forçado que eu enxergo, embaçado por lágrimas, não é nem de  céu, nem de inferno. Dor no peito.

Não morri sufocado pelo café tão quanto sufocado com a realidade que procede esses sustos em que quase morremos, mas se não morremos, então nada muda.

Outro suspiro alto avisa que o dia continua.
A caneta falha... Suspiro também.

– Ully Stella

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Que Acontece Dentro Do Abraço:


Ele veio junto com os ipês roxos do inverno; inverno difícil e nunca antes solitário. A encaixou num abraço estranho, mas com tanta vontade de abraçar, tanto calor para oferecer, e mais ainda, vontade de ser com ela, que ela aos poucos foi cedendo seu corpo aos espaços do corpo dele e foram criando os encaixes onde, aparentemente, não existiam. Mas era óbvio que aquilo nunca seria apenas corpóreo, mais honesto seria se assim fosse: só atração.. e racham a conta depois. Não. As necessidades que se transferiam de um corpo para o outro, dentro daquele abraço, eram necessidades antigas, com passado, contratos assinados, violados, concluídos; tinham argumentos, bagagem, sentimentos, muitos sentimentos, dores, desencantos, mas o que mais sobressaia de toda essa entrega de espírito que faziam sem querer, era uma vontade imensa e mútua de se encantar novamente, e sabe se lá porque, os dois achavam que dentro daquele abraço estranho, achariam. E achando, o abraço já deixaria de ser um estranho, também não seria um conhecido, nessa situação não caberia ser irmão, mas, marido e mulher não era coisa para se pensar ainda.

Veio estrangeiro, tendo visto quase tudo dessa vida, maduramente forçado, louco para ser garoto de novo, quando não era conhecido como o estrangeiro. O coração dela também era estrangeiro, mas que o peito a que ele pertencia, jamais havia saído daquele lugar, mas era um coração rico, que viajava em amores para não pagar imposto para razão que governava.

E com toda aquela diferença, com toda aquela falta de razões para se encontrarem, aqueles dois corações – o medroso e o desgovernado – aceleravam como quem leva um susto. E eram aquelas batidas fortes que transferiam toda a história para aquele momento, colocando os dois de frente, os fazendo quase incapazes de dizer não, os dando papel e caneta na mão para começar a escrever essa história.

E se você ai, está lendo essa história... Ah, então é por que foi mesmo verdade... Foi inegável o sentimento.  


Ully Stella



quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Me Brincar

"Eu preciso descobrir 
A emoção de estar contigo
Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como num dia de domingo"



Contrariando as leis que tornam a vida menos absurda, ele não sorri por delicadeza, não se esforça para ser agradável, insiste em opostos... Mas o pior era a forma com que tratava as suas verdades, as verdades que o fizeram não ter muito o que perder em contrariar a vida, porque ela já tinha ultrapassado o limite do absurdo a muito, muito tempo. Tratava a verdade como escudo e como espada, e era muito bom nisso. Não podia se dar ao luxo de destampar qualquer ferida, e talvez pensasse que ferindo, igualaria as chances com os opostos que ele tanto insistia.

E era tanta verdade desnecessária na ponta da língua, falada na cara ou direto no ouvido. Era tanta verdade disfarçada, maquiada, feias, belas e miraculosas que escondia atrás de suas vãs tentativas de brincadeira. Você não sabe brincar. Ninguém brincou com você!

Insiste em opostos... Não sabe brincar... Acabou batendo na porta de um parque de diversões. Eu sou uma brincadeira; para me brincar não existe faixa-etária, tamanho ou o peso que seu passado tenha. Me adéquo a tua imensa falta de jeito, que faz você desperdiçar todo riso e grito preso que guardas com tanto zelo, sei lá para quando usar. Eu palhaça, sem maquiagem, mas com a ponta do nariz redonda e vermelha, distribuo exageros por ai, não sei como seria viver assim. Não vá embora até a última luz se apagar, por que, para quem mais irá sorrir de verdade se não for para mim?

Fica, que os créditos são pontos brancos no escuro. Ninguém lê, mas enquanto todos saem do cinema, eu te escondo atrás dos bancos, e te faço rir mais uma vez... Duas, três. E se ainda permanecer é para ser feliz. Brincar de esconde-esconde para eu acabar de contar, te procurar e rezar baixinho para você voltar. E te ver voltar correndo para marcar pontos e depois me zoar. Só não fecha o olho porque eu giro muito rápido. Fica atento aos movimentos, as imagens se destorcendo e não pensa em coisa ruim que é para não vomitar. Mas, por favor, fica? Sou uma brincadeira, venha me ganhar!

Te mostrarei minhas feridas, se me deixar cuidar das tuas, e prometo não te ferir com a ponta da língua afiada que também tenho. Não vejo porque usar com você. Mas vem de verdade, por que quem não brinca de verdade, escolhe consequência!


– Ully Stella


Cleptomaníaco De Olhares





O mundo pode ser seu
você só deve ser ou estar
porque o belo te elegeu
para se mostrar” Calcanhotto








Cleptomaníaco de olhares. De nada te serve meu olhar, mas insiste em me roubar. Eu poderia estar olhando agora para toda essa gente desinteressante e comum, e você vem de algum Oasis só para me seqüestrar do cotidiano. Meus hormônios estão histéricos por tua causa. Te querem de forma impessoal e inapropriada para esse ambiente. Não querem saber teu nome, idade, telefone, se é judeu, ateu ou gay; Te querem... em cima, em baixo, dentro e bem longe de mim. Meus olhos antes desatentos, agora só sabem te atentar, te perseguir. Meu olfato me suplica teu cheiro de novo, meu tato se apaixonou pelo teu couro e eu faço um esforço sobrenatural para manter a minha boca fechada, para não babar um mar inteiro de vontade de você.

Me diz, como é ser você? Como é ser um sonho? Como é acordar e saber que tem pessoas que pagariam cada respiração tua ao lado delas? Como é mover pescoços desconhecidos para você só de você existir e andar por ai?

Já percebeu que quando você quer sair dos lugares, as pessoas em volta se revoltam, brigam, gritam... elas sabem (como eu), que você deveria estar em algum trono como imperador do reino dos belos, ou preso em alguma pintura secular que vale bilhões. Mas não, você esta ali, mistificando um dia dos nossos miseráveis dia-a-dia, assombrando a idéia que tínhamos sobre beleza até você chegar debochando da forma que nos esforçamos para ficar um pouco mais bonitos.

Não me olhe, não acene, não me chame para sentar com você... Não tenho absolutamente nada que eu queira te dizer. Mas te levaria para dançar um tango, te faria mágicas, ouviria cada desafino do teu violão suspirando forte para não morrer sufocada. Me temperaria ao seu gosto, serviria quente, com uma piscadela e sugerindo que não esperasse esfriar. Te queria enquanto uma lua dura no céu de uma noite. Depois? Depois suma! Suma antes do sol aparecer, me deixe dormindo, acordarei de um sonho para chorar baixinho uma ilusão. Suma mesmo querendo ficar, porque eu não quero me acostumar com a tua beleza e na semana seguinte ela me parecer normal.

Fiz uma visita a outro país, fui mais uma turista no museu, a contemplar aquela pintura que só é publica porque ninguém tem dinheiro suficiente para comprá-la. Te olhei com pressa e infinitamente, morrendo de medo de perder algum detalhe seu, jurando gravar na memória a vida inteira, minha paixão por aquela obra que Deus fez num dia em que acordou de bom humor. E fui embora... Peguei o avião da imaginação de volta para o cotidiano. Sei que tentarei por alguns dias ou meses calar a vontade de ser coincidência só para te ver novo. Mesmo sabendo que a graça que sustenta todo sonho é só essa vontade, que quando conquistada, pode banalizar todo o resto.


– Ully Stella

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Bel-Prazer









Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra
Eu quero tudo
Que dá e passa
Quero tudo que se despe
Se despede e despedaça.” Lenine






Confundo as cinzas de uma manhã fria; fumaça e neblina. Enterrando meus erros na terra preta, confundo com tua pele morena. Cavo com mais força, não encontro nada. Despejo o que preciso e cubro de novo. Confundo tuas santas verdades com a minha curiosidade no que ainda não me disse. Quebro um copo, vejo teu rosto na parede, confundo minha falta de paciência com violência e te soco, mas soquei a parede.
 Embriagada, vomitando meus resquícios, confundo a importância de respirar com a sua importância. Porque se ao invés de minhas brincadeiras casuais, te dissesse ao certo o que sufoca minha garganta, me trazendo de volta o ar, minha falta de fôlego seria tua então.

Confundo a verdade com o que quero que imagine;
Confundo vontade com o que quero que nunca termine;
Confundo minhas vaidades com a beleza de um menino.

Te confundo, bem no fundo, no fundo da minha alma frustrada em não te conseguir um pouco mais inteiro depois de qualquer tequila. Te confundo lindo por trás de todo meu eu sujo. E quando te vejo... Ah... me confundo mais! Sua presença me cega, me amolece. Passo a não precisar de mais nada. Não reclamo, me derramo, esqueço o que eu queria dizer... E tu vais embora, sem olhar para trás e dar um pouco de esperança que voltarás, para quem só vira as costas depois que tu já tenha virado a esquina, sumido da vista. Ás vezes demora até mais. Fico esperando você voltar correndo, e rindo, me dizer que não retribuiu o olhar por brincadeira, só para ver se eu iria esperar.

Enquanto degusta e tenta digerir meu banquete de mim, que te sirvo bel-prazer, te olho indo para longe, sumindo da vista e morrendo de fome de você.
Confundo meu sincero momento com a pressa de te devorar inteiro.

– Ully Stella

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Inconvenientemente



Tenho a boca tão cheia de sinceridades, que ser bem educada só seria possível se eu fosse muda. Preciso falar, e falo de boca cheia, por isso até o meu “Bom Dia” te deprime.  
A verdade não é só para quem deseja ser bom, correto, íntegro, justo ou apenas chato. A verdade já carrega todo amor, ódio, ironia e inconveniência que nossas vidas poderiam suportar. E muitos não suportam.

A mesma verdade que me faz ser grossa, me faz ser boba; me arma para longas batalhas e me faz nua, vulnerável; me faz ter amigos e também opostos, sempre tão dispostos a contradizer minhas verdades, quem sabe até inventando outras verdades, logo assim, mentindo. Esses estão entre os que não suportaram.

Me perco na tenuidade entre a verdade e a sinceridade – Que são coisas completamente diferentes  –.  Existem verdades que perduram desde o início do século, desde a criação do homem, desde ontem... Mas sinceridade sempre foi momentânea. É o que sentimos e achamos, é um impulso bruto, que também nem todos sabem controlar ou expressar.
Isso explica tantos “eu te amo” que não são amor, tantos “pra sempre” que não viraram nem a esquina. A eternidade e o amor são verdades que surgem de sinceridades que foram cultivadas. Havia sinceridade mas não todo o amor necessário para desenvolver a verdade que a eternidade precisa. Saudade é uma velha sinceridade aflita, esquecida, que chora por saber que é capaz de esquecer.

Mas tudo isso cansa. Ser sincero perde um pouco do sentido quando o tempo é quem faz as verdades. Mas é importante ser, porque mesmo que muito mais da metade de toda sua sinceridade vá ser perdida, são pequenas sinceridades, criadas com carinho, que se tornam verdades inteiras. Mentiras não tem derivações, pequenas ou grandes, aprimoradas ou desculpadas, ainda são mentiras. E omitir o que se sente não é mentir, é não ser sincero, é não acreditar que o tempo seja capaz de trazer uma verdade a ti.

Sou inconvenientemente sincera, esbanjo meu otimismo em todo canto esperando que germine coisa boa. Mas não estaria sendo sincera se dissesse que sou verdadeira, não o tempo todo, porque quem vive para colher verdades, sabe que a verdade dói muito mais do que cura. E eu, ás vezes, sou umas dessas que não suportam muito.

– Ully Stella

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sombras; Do Passado E Do Futuro.

Eu mereço um lugar ao sol
mereço ganhar prá ser
um carente profissional” Cazuza


Sinto tua falta sim. E isso esta longe de ser uma coisa boa ou positiva para você, eu só sinto tua falta. O ser humano sente falta de qualquer coisa que fica encostado nele por mais de 5 minutos. Como aquela história do passarinho no inverno que sentia frio e a vaca cagou em cima dele para mantê-lo aquecido, mas ele saiu porque teve nojo e acabou por sentir falta da merda porque era quentinha... Sinto tua falta sim. Por costume, pelo tempo que você insistiu em ficar aqui, e agora longe, você falta no lugar que estava perto de mim, então, sinto sua falta. Mas é só isso que sinto por ti, falta. Meu sentimento segura tua falta numa mão e traga seu cigarro na outra, conta nossas histórias entre um assopro e outro. Ri e brinca com a falta dizendo que sente tanto sua falta que parece que está de mãos dadas com ela.
Não é meu coração que grita, é minha pele que vivia encostada na sua, que aderia facilmente aos seus carinhos. Você acostumou tão mal meus arrepios, que foram embora junto com você. Sinto falta dos arrepios.
Queria um dia conseguir entender a natureza do prazer doentio que eu sentia em te deixar falando sozinho no meio de suas crises, quase diárias, bater cabelo andando rápido e olhando para minha sombra no chão, e concretizando minhas poucas certezas em ver a tua sombra vindo correndo para segurar forte no meu braço, pedindo explicações ou beijos não explicados. Minha vida seguiu assim, ainda não tenho explicações, nem saco para todas essas perguntas e insinuações que a vida me faz. E eu ainda continuo fugindo de tudo, batendo cabelo, deixando a vida falando sozinha, ainda olho pra minha silhueta sozinha no chão, sentindo falta de outra sombra que aparecesse pra puxar meu braço.
Sinto falta de odiar coisas que eu tinha razão em odiar, mas a tua falta me lembra que preciso te odiar para colocar outra coisa em teu lugar. A única coisa que me conforta quando olho para minha solitária sombra no chão é saber que a falta só existe para sentirmos vontade de preenche-la com presença. E outra sombra há de me fazer mais feliz, tão feliz que eu não precise fugir, só seja sombra andando devagar e ao meu lado. Porque eu não suporto mais sentir falta até do que me fazia mal quando estava com você. Pois então, te odeio, te quero bem longe, e não tenho saudades tuas. É só tua falta fazendo sombra no meu pensamento, me assombrando. S ó s i n t o s u a f a l t a e acabou!


– Ully Stella

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Bochecha Rosada





Tão raro usar franquezas para falar coisas bonitas."
Carpinejar









A felicidade acontece em meio a conversas cotidianas com a madrinha, quando ela brincando diz que eu atrapalhei o sono matinal dela cantando com Lulu Santos como caminha a humanidade. Felicidade veio em forma de vergonha, vergonha bonita; é uma vergonha que só precisa ser sorrida como resposta da pergunta “a que/quem se deve tanta felicidade, minha filha?”, embutida dentro da brincadeira da minha madrinha. Se fosse um lamurio cantado, com choro no lugar do sorriso, ela não brincaria. Brigaria, porque só vale a pena ter o sono interrompido se for em favor da felicidade de quem se ama. Acordar com uma louca cantando e chorando aos berros, sem saber se chora mais de que canta, espantando o sono dela e qualquer possibilidade de recuperação de tal situação ridícula, deve dar muita raiva!
Mas ela falaria a mesma coisa a mim, só que com tom diferente, tom de “tá nessa ainda porque?” e um sorriso nunca caberia no espaço do silêncio após isso, a vergonha, dessa vez, deveria ser explicada.
 Esta ai a grande deficiência de todo esse mundo de poetas e escritores, eles precisaram de que em algum momento de suas vidas, tenham perdido algum objeto raro, quebrado alguma vidraça enquanto brincavam de bola, apanharam e depois foram postos em castigo para pensar sobre o que fizeram. Pensaram, e pensaram até demais. Pensaram até começar a escrever. Porque perder, quebrar, apanhar, sofrer...  A vida pede explicação de tudo isso no silêncio de um castigo. Sentimento que faz mal a gente rende palavras. Tristeza necessita de palavras, esperança, ódio, rancor, carência, indignação, paz, saudade, maconha, revolta, tesão... tudo induz palavras, tudo por ser descrito, até dor.
Quando venho aqui me queixar da vida, não é que seja a minha intenção eternizar as saudades, como se a própria não desse conta de fazê-lo sempre, mas é porque felicidade, de fato, é coisa tão pequena, é tão miúda, que se contar a vocês, não acreditariam. Não se pensava em gramática em quanto a bola ainda quicava e a janela estava intacta. Eu não tinha noção nem da felicidade nem de ter acordado ninguém, só percebi estar com ela quando, pela primeira vez em muito tempo, não precisei responder com palavras o que sentia. Bastou a bochecha rosada de um rosto que, naquele dia, não precisou de maquiagem ou unhas bem feitas.
Não espere muito de mim aqui, além de algumas reclamações, expectativas bobas e tentativas quase nulas de narrar tardes quentes, mas é porque felicidade mesmo... Felicidade são as reticências.

– Ully Stella

domingo, 10 de julho de 2011

Sobras De Mim









“Eu só preciso levar a vida, eu só preciso desfocar do sonho que me deixa míope de enxergar além” Tati Bernadi








Meus anos de formação de caráter foram furtados, e o ladrão mal sabia o significado da palavra caráter, ou era mesmo incapaz da prática. Contudo, me formei em te fazer feliz, emoldurei meu diploma com a nossa foto de fundo e você o pregou na parede do meu quarto.
Se os problemas acabassem na má remuneração, benção seria. A empresa era falida, e o pior é que eu sabia. Era visivelmente trágico o fim, e inevitável também. Rezava e até chantageava Deus pra que aquilo um dia desse certo, que algum milagre mudasse o rumo daquela história que eu tentei edificar por anos... Um dia eu acordei, e o diploma estava mofado, o prego na parede deu inicio a uma grande rachadura, eu não tinha dinheiro pra concertar minhas paredes porque estava desempregada e não sabia fazer qualquer outra coisa na vida a não ser te fazer feliz.

Kubitschek me invejaria – consegui cinqüenta anos em três. O que faltou fazermos juntos, para que eu não lembre de você sozinha? Acho que todo dia quando acordo me faço essa mesma pergunta, com esperança de achar a resposta que me traga o ânimo de me inventar de novo, estudar para outro vestibular, achar um emprego novo, quem sabe até abraçar o meu pai e dizer que ele estava certo.
Tudo que eu faço tem esse gosto de comida requentada. Momentos iguais com pessoas diferentes, mesmo cenário reutilizado. Não suporto tudo isso. Dou aos outros as sobras de mim. Mas alguém almoçou muito bem! 

Conta em conjunto em banco: tenho a senha, retiro, deposito, gasto, mas não me possui somente, é nosso. Eu não sou minha, sou nós dois. Te devo desde os mais humildes defeitos até a piada mais idiota que sei contar.
O telefone toca, mas eu nem atendo mais. É cobrança! Outro dia atendi um rapaz chamado Paixão que me ligava em nome do banco me cobrando atitude, tentei parcelar em alguns meses com carinho, que nesses meses eu me inventaria de novo pra conseguir pagar com amor as retiradas de princípios que eu peguei como “investimento” para quitar a tal faculdade que não deu certo. 

– Paixão, o senhor tem uma voz muito gentil, e parece que está interessado em me ajudar. Negociemos então: me dê um tempinho, me faça um cafuné e me abraça de vez em quando, que meu nome está sujo mas também consta ai que eu sou mestrada em fazer os outros feliz. Eu só preciso concertar algumas paredes... Acredite!


– Ully Stella

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Quase Toda Fé

Amaremos sempre pelo motivo errado. Quem ama pelo motivo certo é interesseiro.” Carpinejar



Desculpa essas mãos geladas e essa cara de choro. Demorei um tempo no escuro apalpando paredes à procura de um interruptor – achei  você. Conheço bem os meus motivos para estar onde estou, mas como alguém que tem faróis no lugar dos olhos não consegue iluminar seu próprio caminho?
Te reconheço de outros climas e iluminação diferente. Minha fé sentiu falta do mistério que era querer estar ao seu lado, na sua frente, te abraçando por trás. Só o que me restou de você foi essa fé, não existe outro nome para o que sinto. Só a fé se acomoda aos enigmas, deseja o mistério e sonha em casar com o talvez.  Sou feita quase toda de fé.
Passei a vida inteira me aventurando em piscina rasa e fui me apaixonar logo pelo teu quintal de areia e tua cerca azul mar. Ninguém esteve por ali para abrigar tuas águas, e tudo que és, vem de quilômetros, vem do fundo. 
Coração quando é pai de razão, é dono de corpo insano, pensa raras vezes (tão raro que não funcionou tal dia). Corri e pulei. As pessoas tem uma visão mágica da queda e de sua velocidade, como se realmente fossemos parar no ar e ter a paz que não temos sempre, e conseguir na queda refletir sobre o passado e inventar o futuro. Bem com a minha primeira queda, mas foi tão rápido quanto quem vê - mas rápido que separar as sílabas da palavra: que-da.
Mas interagir involuntariamente com ondas... Isso sim demora! Consegui até criar uma teoria que explica essa coragem que todo ser humano precisa para realizar o que se deseja, porém, quando se tem mais coragem do que se precisa, sobra teimosia. Minha teimosia foi maior que qualquer paixão ao te olhar, minha teimosia foi muito maior do que minha coragem ao te enfrentar, e por sua vez, sua paixão me engoliu. Minutos de você e eu já não tinha fôlego, coragem, teimosia, paixão, passado ou roupas. Teimosos tem certa dificuldade de reconhecer ou assumir algum medo, mas ali nua na sua frente, logo eu, piscina rasa, fugi das ondas, do barulho, da turbulência, do seu escuro proveniente dos mais profundos oceanos de seus ante-passados... Fugi sem nem tentar diluir teu sal.
Quis um pouco de você, mas, mar em pote de vidro não faz onda.  Não existe metade de você. Ou me afogo, com a fé que te ama, até aprender a nadar. Ou volto a apalpar paredes.
No dia em que fugi, fugi te prometendo estrelas. Hoje vejo a falta que elas fazem a você – brilho que combina com brilho. Eu sei que já esta bem tarde e que essa noite chuvosa e fria em nada se parece com o nosso fim de tarde de sol, mas se você estiver disposto a me ensinar a nadar... Sem teimosia, sem queda. Te dou minha mão e você me leva! E minhas estrelas se guiarão pelo teu farol. Explicação pra te achar no escuro: no claro eu não entenderia.

– Ully Stella

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Pigarro No Silêncio

“Falam de tudo. Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzisses, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos. Sobretudo falam do comportamento e falam porque supõem saber. Mas não sabem, porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem não falariam.” – Nelson Rodrigues

É mais fácil para minha alma sobreviver a dias de fome de amor ou dias afogada em ilusões, expectativas e paixões do que passar por esses dias em que a cada minuto que passa se concretiza a certeza de que não lembrarei desse longo dia. Não senti fome, nem medo, não lutei com o acaso nem metralhei o mal... Dias sem motivos. É entre esses dias que a alma vai morrendo lentamente.
Herói de guerra vive de suas histórias, em que batalhou por sua sobrevivência, e quando enfim descansa, tenta ocupar seu tédio com honra, e na tentativa, sucumbi à loucura de suas lembranças. De nada vale méritos.
A honra daquele herói, habitava entre as palmas que recebeu... No seu coração acelerado, no seu choro preso - Herói  não chora. A honra acabou naquele pigarro de algum fumante em meio a platéia, durante o silêncio depois que as palmas acabaram.
Lutamos tanto para sair inteiros dessas guerras cotidianas, ou pelo menos vivos, para que um dia tenhamos a satisfação das palmas, da platéia, dos sorrisos, do orgulho de si mesmo. Mas o silêncio que prosseguiu as palmas que recebi, me deram o sossego que eu precisava para me frustrar e enfim perceber que, da minha guerra, eu não sai inteira. Minha única luta hoje, é para saber se sai viva.
Maldito silêncio, maldito pigarro, maldito orgulho que me prende ao desfecho dos meus sonhos realizados e me impede de buscar a outros, porque eu já deveria estar orgulhosa dos meus méritos. Antes eu tivesse perdido toda alma em batalha, mas me sobrou esses resquícios que só servem para me indagar o porque ainda estou aqui parada nesse palco vazio, sem músicos e apresentador, de frente pra esse mar de cadeiras vazias, com esse sorriso congelado de vitoriosa. Minha alma só serve para me perguntar: quem irá ver teu sorriso no escuro?
Frustração dói mais que doença, então farei uma cirurgia: Amputarei minha alma, implantarei  orgulho no lugar – é o que mais me sobra!  Porque, por mais morta que esteja minh’alma, com ela não terei morrido naquela guerra. Meu orgulho faz com que eu só viva daquela guerra.  Meu orgulho cresceu no silêncio sem palmas, enquanto minha alma morria com gritos de dor.
Amputarei a alma que me resta, morrerei na guerra, e enfim, sucumbirei à loucura.

– Ully Stella

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Adeus Vulgar Amor


“Ódio? Ódio por ele? Não... Se o amei tanto, e se tanto bem lhe quis no meu passado. Que importa se mentiu? E se hoje o pranto turva o meu triste olhar, marmorizado(...) trágico, gelado. Ah! Nunca mais amá-lo já é o bastante! Quero senti-lo d’outra, bem distante(...) Ódio seria em mim saudade infinda, por mágoa de o ter perdido, amor ainda. Ódio por ele? NÃO... Não vale a pena.”
Florbela Espanca




Eu tenho um guarda-chuva com furinhos, um ovo de páscoa fechado em Junho e um coração quebrado no dia dos namorados. Desde que o meu vulgar amor foi embora, esta tudo meio errado. Tem como um erro ser metade? Tem como eu ser metade do que eu era, porque eu não tenho mas você ? Meu raciocínio nega e ainda briga comigo. Disse que os erros são inteiros, e que eu também sou inteira, nada meu possui a ninguém, nem ao parente mas querido, e que a única ausência é daquele abraço que me derretia nesse frio, que me fazia esquecer problemas inteiros, pequenos ou grandes, e que, consequentemente, me fazia sentir inteira. Sou eu mesma, mas sem você. E por que isso tem de ser triste ?
 Ainda estou de ressaca, e ressaca braba. Sou menor de idade e bebi anos de amor sem ter estômago pra isso. Tenho tanta sede de parar de ter sede, que vou ingerindo qualquer bobeira que refugie minha atenção;  Oasis que minta minha realidade desértica. Só entendi que sorrisos forçados dão gosto ruim na boca com essa ressaca, porque qualquer sorriso atôa piorava no meu enjôo em relação ao mundo inteiro.  Meu rosto denuncia a sua ausência, meu cabelo não tem uma definição de cor, enfileiro inimizades, e nessa de esconder o real motivo dessa cara de nojo, não comovo nem meus pais.
Você é o assunto que ninguém mas quer falar, como se eu tivesse uma doença grave e que quando falasse nela, a mais alta gargalhada fosse interrompida por um silêncio devastador. E é esse mesmo silêncio devastador que você deixou em mim. Talvez por isso eu identifique melhor o que esta errado, estou em silêncio, o meu único assunto é você, e ninguém mas quer falar nesse assunto. Silêncio, erros e frio é o que tem para esse fim de semana.
Jurei a quem me ama, a quem não me ama, a minha mãe, a sua mãe e ao meu raciocínio afetado entre esses dias, que não falaria – escreveria –  mas sobre você. Mas amanhã não quero mas ter sede, quero ter calma ao escolher o que vestir, aonde ir, o que fazer, talvez alguém... Sem sede, sem pressa. Por isso hoje o vomito será induzido, e o último ponto final será o da descarga. Você já foi embora, e isso não tem de ser triste – não  mais.
Adeus Vulgar Amor.

– Ully Stella

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Vilã De Novela Das Cinco


Todo mundo tem um escudo. Escondem atrás deles o inverso do proposto na frente desse escudo. Conheço gente que se veste de vilão e xinga os outros querendo amá-los.Conheço gente que me abraça com um sorriso, me canta músicas sobre amigos e pisca pro meu inimigo que esta sempre atrás de mim.Conheço gente que vai a igreja porque os pais não deixam ir pra balada. Conheço gente na balada que a alma anseia por louvar a Deus. 
Hoje eu acordei tranquila, abri a janela e fui recebida por um sol ameno, e ventos de outono alisaram meus cabelos. Meu tio tocava Legião Urbana desafinadamente no seu violão. Sorri por hábito, mas minha vontade era de chorar. Taí... esse é meu escudo: sorrir. Nunca dei chance pro choro, e quando a barreira esta frágil demais para segurar tanta água, o choro vem gritando, soluçando, inundando tudo.
 Chorei. Não é por mim, como eu já disse eu acordei tranquila, sei valorizar as purezas desse mundo, e nunca vou estar só. Meu coração reconhece os seus semelhantes. Mas meu coração também reconhece os carentes de tudo que eu possuo, e por bondade partilho, e por maldade os que não entendem a importância do que eu partilho, piscam pro inimigo de trás... e pronto... estou eu aqui chorando.
 Tudo que eu faço é digno de contar a todos. Coleciono momentos, desde paz atingidas por muita oração, ou até mesmo, chegar de manhã com o salto quebrado, se escorando nas paredes e vomitando no quintal. Não me permito fazer qualquer coisa que eu não possa contar aos meus pais, nem que seja só na hora do arrependimento. 
Eu achava muito legal ser malvada quando eu tinha 14 anos de idade... Ai aconteceu que eu cresci, sabe? Não. Você não sabe. Mas já é tempo de entender que ter escudos é falta de coragem pra fazer o bem ou o mal que se deseja. E mesmo que seja pra se aliar a quem estiver atrás de mim, faça de verdade, tenha coragem de passar direto por mim e entrar nessa fila gigantesca dos que não me entendem ou não me aceitam verdadeira como sou. Talvez assim eu não precise chorar por mais ninguém.

– Ully Stella

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sobre Felicidade e Portas


“A loucura é diagnosticada pelos sãos, que não se submetem a diagnóstico. Há um limite em que a razão deixa de ser razão, e a loucura ainda é razoável. Somos lúcidos na medida em que perdemos a riqueza da imaginação”
Drummond de Andrade



06:00 AM, no telhado, de roupão e meias, descabeladamente normal, papel com caneta, café no chocolate e colher dentro da caneca do Flamengo – apoio de dedo escritor e desanimado.
Animais irracionais são os passarinhos... Ou talvez só menos prepotentes em ditar suas racionalidades e mais importados em acordar cedo e cantar a luz que mantém todos nós vivos. Saldam o sol com a misera e breve vida, enquanto o homo sapiens tem crenças estranhas e fazem ligações entre inventar sonhos e sonhos dormidos, como se a resposta da vida deles estivesse dentro do seu travesseiro. E é claro, em realizá-los.  Não me entenda mal, não estou falando para desistir dos seus sonhos, nem do seu travesseiro, por saber que os passarinhos encontraram a felicidade no que julga pouco. Os passarinhos que estão errados. Irracionais.
Meu felino ronrona aos meus pés. Ronrona como quem louva a Deus; olhos fechados e cabeça voltada pro céu. Ergo minhas mãos para roubar um raio de sol que a folha de coqueiro deixou passar... E percebo então, que mesmo que tenha sido a tristeza a me deixar acordada a noite inteira, é a paz que me aguarda toda manhã.
Esqueça toda essa idéia de que felicidade bate em portas. Essas portas não existem! Saia agora dessa casa ilusória, fechada em preocupações e insegurança de abrir a janela para essa luz da manhã... Futuro algum por mas bem sucedido que seja, suporta uma caminhada de ansiedade.
Lembra você criança e sua mãe mandando você não correr? Ela sabe que não adianta correr, uma hora você vai ter que parar, porque não vai chegar a lugar nenhum sem ela. E quando você não a escutava e corria mais, tropeçava e caia? Também tinha que esperar ela chegar pra cuidar das feridas. O tempo leva a embora a obrigação de nossas mães de cuidar das nossas feridas e de nos mandar parar de correr. O tempo torna-se nossa mãe, com as mesmas mensagens e o dom de curar feridas. E só os ansiosos se revoltam contra a própria mãe.
Não corra criança, não deixe de sonhar mas viva... Respire fundo, de olhos fechados e cabeça virada pro céu, cante como o bobo do passarinho, louve, e perceberá que sonho é qualquer coisa que te dê paz. Sonho é qualquer coisa que fazemos de alma limpa, coração calmo e mente aberta.

– Ully Stella

terça-feira, 17 de maio de 2011

Abraços Na Cozinha


O céu chora em plena avenida enquanto eu frito dentro de uma sala de aula. Invicta de que sentirei muita falta desses tédios ocasionais entre lições que nunca aplicarei na minha vida e a voz irritante de uma professora que gosta de contar histórias sobre sua vida. A caneta escorregadia que suja papel branco, quase que instintivamente, com pensamentos absurdos e uma estranha sensação de que alguém, igualmente desinteressado, penetra seus olhos nos meus garranchos, mesmo estando eu sentada na última cadeira da fileira do canto da sala.

Inerte, meus olhos magnetizam o relógio até o ponto de embaçarem, e mesmo abertos e direcionados ao relógio, minha visão é pura nostalgia, rastros da minha memória de abraços na cozinha, chuva sem guarda-chuva, conchinhas, poses sem fotos, nossas plantas de casas com espaço para cultivar plantinhas, danças na rua, amor sem camisinha... (como se o sentimento fosse alguém que andasse nu por ai), todas essas bobeiras cotidianas, tão nossas, que um dia eu vou esquecer. Meus olhos desembaçam me lembrando que o tempo é injusto para não me adiantar mais que cinco minutos da voz irritante de prefossora enquanto viajo entre saudades, porém,  um dia me fará esquecer toda essa fantasia que é recordar nossos detalhes.

Te esquecerei! O tempo vai comer sua cabeça em bandeja de prata, nada poderei fazer. Além do que já fizemos em deixar que fossemos pouco o bastante para permitir que qualquer tempo apague o que merecemos ser. Em vida, temos sim o poder de determinar o que é eterno, de maneira alguma posso me queixar de esquecer o que passou. Eterno é o que conservamos até o fim de nossa vida, é o que amamos o suficiente para atualizar as lembranças todo dia. A dor só permanece se atualizarmos a lembrança dela todo dia. A felicidade não foi felicidade plena se precisamos ter que deixá-la de lado. Tempo nenhum é capaz de destruir o que não precisamos esquecer.

Por muitos dias fomos eternos, mas só um dia bastou para não sermos mais. O tempo só precisa desse dia pra levar todos os dias atrás. Seja injustiça ou perfeição.

– Ully Stella

terça-feira, 10 de maio de 2011

10x0 Destino


Não me falta o ar, minha cabeça não pesa, meus olhos não estão vermelhos, não perdi a melhor coisa da minha vida. É só aquela sensação chata quando já dentro do avião lembramos que esquecemos em casa algo que vamos sentir falta, mas que se fosse o mais importante a ser levado, seria o primeiro item colocado na mala.
Dez vezes viajei correndo mirando o nada, fugitiva louca, destrambelhada e sem bagagem, para parar a milhas de conseguir alguma coisa, e já com sede, ter de voltar todo percurso para beber um copo d’água.  Mas dessa vez fiz diferente, vou sem pressa a um local certo mas não buscando nada específico. Agora tenho bagagem; mesmo que pequena: assuntos, histórias, alguns chorumelos, perfume para marcar os caminhos por onde passar (essência), duas ou três certezas, um punhado de duvidas... e enfim, um copo, para não precisar voltar aquela fonte que dez vezes voltei para beber da mesma água, inutilizando o tanto que já corri.
Bagagem leve e segura segura de si. Me levo para que você não leve o que quiser de mim enquanto me deixando levar por você, me re-invento para viver outra vida. Não, desta vez não. Me levo, porque hoje sei me pertencer. Sem sustos, o novo caminho não é estranho, só é novo.

Mas por favor, não me leve a mal.


– Ully Stella

domingo, 8 de maio de 2011

Garganta Inflamada

Dói mas tem poesia.” Martha Medeiros


Ei alegria, porque tu és finita ? Tão linda quanto neblina da manhã, passageira e calma como tal, vai embora como chega – sem  me deixar perceber. Ei tristeza, porque és egoísta? Só tu podes ser escrita? Infinita.
Ei retina, porque ardes? A dor é mais embaixo, é depois da boca seca dos gritos abafados. É ainda depois da garganta inflamada de palavras ásperas que por ali passaram. Ali embaixo, a dor não é descrita. O medo, por acaso, tem mão pra socar? Não existem mas batidas, são socos na parede do corpo, que já fraco não tem forçar pra fingir, mentir; sorrir. Então retina, deixa-me enxergar o caminho, nada isso tem a ver com você, acaju, desembaça porque meus pés já não aguentam mais tropeçar!
Ei pássaro, sua timidez não te deixa cantar bonito assim quando mais gente te admira? Ei EU, quem é tão importante que possa passar nessa rua e tenha o poder de te julgar por chorar?
Não importa o tamanho do seu QI, o valor de sua conta bancária, influência ou força física... Se for humano e um dia ter sido tudo que podia ser, como mortal, sabe que todas as repostas que colecionou e preservou ao longo da sua vida, nunca cabem as perguntas que a dor te faz.

– Ully Stella



terça-feira, 3 de maio de 2011

O Dia Em Que Me Ajoelhei


Minha luta diária, meu leão por dia, é pra conter esses pequenos atos, essas palavras descabidas beirando precipícios. Insanidade. E geralmente eu acabo por rindo sozinha, porque é melhor forçar gargalhar de uma piada ruim, porque você mesmo a fez, do que admitir o mal gosto.  O fato, e a grande lição é que nem tudo que é bom e engraçado pra você pode ser bom e engraçado para outra pessoa.
Mas por fim, acabei falando mais rápido do que o pensamento. Cuspi verdades que só são convenientes dentro dos meus loucos princípios. Passei correndo pela cena que eu queria parar, por ter acostumado mal minhas verdades automáticas. A diferença é que dessa vez eu me importo com o efeito do dano, ou a duração dele, pelo menos. E essa sua cara de decepção comigo. Logo hoje... que que eu fiz?
Faça um favor; SORRIA! Precisamos da sua luz, eu e meu mundo que mesmo apressado e sempre viajante, te espera. Finge que esqueceu o que eu disse, antes que eu admita o quão sou idiota (E isso seria um grande feito a humanidade).
Não deu certo. Então eu "tô" correndo, correr com uma bolsa pesada é horrível, e eu não sei correr, mais tô correndo, tudo bem... Nem nunca brinquei de pique pega-pela na rua com ouro branco na mão, mas ainda é uma brincadeira né ? Proooooonto, pensamento lerdo de novo. Antecipou-se o desejo de fazer a última coisa que se poderia fazer. Agora posso dizer: SOU UMA IDIOTA. Mais uma vez, o que era conveniente, ou no mínimo engraçado pra mim, te fez se sentir um babaca.
Ok, agora eu estou sentada, sem ter idéia do que fazer com o que roubei,  e preferindo muito mais ter te roubado um beijo do que ouro. Perdi o fôlego, vem me buscar, vem me devolver? (Quem sabe tirar mais um pouquinho...) Pega o ouro, e grita comigo, com todo esse silêncio para eu saber o quanto esta chateado. 
Ao invés de andar tão rápido, porque não me tira desse castigo? Dessa minha cara pra parede no cantinho escuro, e me mostra teu sorriso? Pra onde corres? Porque em direção ao rio com ouro na mão ? ESTÁ LOUCO ???!!! Tanta gente necessitando de dinheiro no mundo e você igualando seu exagero ao meu...? Guarda isso no bolso! Guardo? Chega... agora eu vou embora! Por favor, deixa eu ir embora!
E como se não tivesse tido nenhuma noite escura, meu dia começou. Meu sol se abriu em meio a céu cinza: ele sorriu pra mim! Rapidamente voei no bolso dele, eee .. eeeeee ... eee, o que que eu faço ? Ah não... de novo impulsionada ao erro... tudo de novo!? Perai, é assim: AJOELHEI. 
Calma amor, não tem com o que se preocupar, a gente só esta numa calçada na beira de uma estrada muito movimentada, do lado de um bar, uma pensão, uma loja de construções, de computadores, de concerto carros, de uma lava jato e todos os alunos acabaram de sair da escola, não tem ninguém aqui pra você se envergonhar! E afinal quem esta de joelhos sou eu... para de me puxar!!! Poxa, nem falei o que deveria ... e... ai como eu amo seu beijo, e essa barba mal feita dando perfeito atrito para o nosso beijo.
Agora tu me mandas ir pra casa? Te amo, até amanhã!

“O fato, e a grande lição é que nem tudo que é bom e engraçado pra você pode ser bom e engraçado para outra pessoa.” Mas foi exatamente tentando, que descobri.
 E nós dois tentamos tanto, mais tanto... Todos os dias... que nessas tentativas os meses e os anos vão passando sem termos muita preocupação de contabilizá-los. Estamos ocupados tentando.
E isso enfim, deve ser amor mesmo, porque sorte, nunca foi!

– Ully Stella; Outubro 2010

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ar Rarefeito

Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes...”




Calço as escadas de uma estação, com a animação de alguém que não quer chegar, e incomodada com uma sufocação que contrai meu peito. Sem possibilidade de ar rarefeito, em estar a menos de 15 metros do chão, como todo ser humano, coloco a culpa no amor, porque colocar a culpa em algo abstrato é mais fácil do que em algo que tenha a capacidade de se defender.

Na realidade, mesmo culpando somente o amor, ele se materializa e me liga, afrontando tudo que eu sou. Ameaças, chantagens e indiretas – tudo que eu abomino – estavam incluídas no pacote, e escritas no contrato, obviamente, em letras miúdas. Por isso, nunca irá deixar de ser minha culpa. Culpa? Que coisa mais desnecessária que é sentir tal coisa. Mas é isso que acontece com o coração que se disponibiliza a outra pessoa. Disse que te amo? Então jamais me devolva a parte que te cabe dentro de mim. E tudo mais que eu poder engolir com água, engolirei, para que eternize o momento ou o fator que me fez te amar, que te fez eterno em mim.

O que eu deveria esperar de alguém que prefere meu boné a um cabelo bem escovado? Unhas desenhadas e lixadas, as minhas descascando que eu escondo no bolso? Perfume doce, a minha fixação pelo teu cheiro de homem?
O que eu poderia esperar dele, menos do que alguém que desafia tudo o que eu sou e que eu pretendo ser? É difícil... mas porque eu me coloquei nesse patamar de merecimento ao mais ousado guerreiro do reino.  

Também não é o teu dinheiro, teu luxo, teu carro, tua gramática e tua perfeita dicção e percepção do mundo que me fazem te amar. Fiquei tempo o bastante para fazer as observâncias necessárias para cada palavra de cada texto em que penso em ti. Fiquei tempo o bastante para saber que dói incontrolavelmente ficar, e também, ficar sem você. Por isso espero ansiosamente pelo divino momento em que irei parar em algum lugar e me sentir, enfim, satisfeita.

Te amo a ponto de repetir quantas vezes perguntar (mesmo com a minha imensa incapacidade mental que me leva ao estresse absoluto quando me pedem para repetir alguma coisa), que é amor sim, e é pra você. E vai continuar sendo amor aqui bem de perto, dormindo na mesma cama, ou bem de longe, onde não existe a nossa cama.   

– Ully Stella

terça-feira, 19 de abril de 2011

Tua Sustentação


Tropeçar na calçada diante de todos, – pra mim – é tão menos importante do que o céu colorido em degrade, no fim da tarde... tão insignificante diante da cor prata que a lua cheia deixa, onde esta escuro. Mas tem gente que não olha pro alto com medo de tropeçar, e se mesmo assim acontecer, tratará mal todos, durante o resto dia. Eu simplesmente não consigo compreender, essa gente que é acostumada em levar uma vida mais ou menos, ter um dia meio bom, amar um pouco as pessoas ao seu redor, e odiar com todas as forças do seu ser, uma pessoa, durante a vida inteira.  

Acabei por criar, para mim, um jeito bobo de não brigar com a vida. Esqueço o mal que me fazem. Alguns ódios, rancores e medos, me sustentavam no chão, me faziam ficar de pé. No dia que os soltei, um vento passou e me carregou pra bem longe daquele lugar, em que todos mantinham seus ódios, por questão de honra, implicância, conveniência ou puro costume.

Comprometida em ser feliz, e entre meus vôos ocasionais, cheios de partidas necessárias e chegadas gloriosas, conheci o sorriso mais lindo de todos os vôos.  Aquela necessidade de antes, que eu tinha de ser feliz, acabou, na primeira vez que te vi sorrir – e era pra mim –, fazer você feliz, se tornou minha necessidade. Quando percebi que você era um dos que se sustentavam no chão, tentei te carregar, mas não consegui, por amor, fiquei. Felicidade agora, comparada a antes, é nada, mas é turista, quase todo dia.

Hoje, sou rainha durante o dia e monstro nojento que assusta crianças, durante a noite. Se fosse outro, eu fugiria, nada que desperte meu ódio, permanece na minha vida. Hoje o que me sustenta no chão é você, - sorriso lindo - é amor, mas também é dor.  Dor de não voar, dor de odiar... Odiar o que você me faz ser, toda noite.

Mesmo que eu voe, choro. Mesmo do alto, te vejo. Mesmo feliz, te quero. Mesmo não querendo, volto. Porque todo vento me leva a você, todo vento carrega seu cheiro, seu sabor... o toque da sua mão calejada.
Mas entenda, nasci pra ser muito feliz, e não posso aceitar menos que isso. Posso andar desengonçada e viver tropeçando, mas é o preço que pago por não ter medo da vida. O que te sustenta de pé, não é o que te faz feliz! Ninguém que se entregou de verdade ao amor ou a vida, permaneceu de pé. Enquanto tiver medo de tropeçar, enquanto aceitar dias “meio bons”, enquanto não soltar tudo que te prende no chão e voar comigo... Será inevitável minhas voltas, e igualmente inevitável nossos fins.

– Ully Stella

domingo, 17 de abril de 2011

Jus Ao Nome


Faltam comparações que bata de frente com a raiva que sinto, quando me comparam...
O esmalte da sua mão, é a minha mão no bolso. O teu asfalto é o meu gramado, minha terra. O teu salto é o meu descalço. A sua conversa é o meu tédio, a tua lábia, meu veneno.  Tua mentira, minha repulsa. Minha verdade, meu escudo. Tua ficção, minhas histórias. Tua vergonha, é a minha dança. Tua maior diversão é o meu sorriso forçado.  Sua loucura é o meu romance. Teu incômodo, minha felicidade. Tuas curvas, minha leveza.  Teu momento, meu eterno.  Tua prisão, minhas asas. Teu agudo, é o meu silêncio. Meu silêncio, é o meu grito.  Qualquer abraço, meu refúgio.  O teu medo é a minha rotina. Tua rotina é o meu medo.
O sol que te bronzeia, me avermelha. A chuva que estraga seu cabelo, é a minha libertação. O que descartas, eu reciclo.  E ao final de cada dia, me ajoelho aos pés do que tu foges.
Para que serviria comparações entre o certo do errado, o seco do molhado, o doce do salgado... ? Por que eu seria alguém, que seria incapaz de ser quem eu sou?
Registrei em cartório tudo que você pensa ser impossível. Assinei ao lado da minha foto e digital. Teu impossível, é a minha idêntidade!

– Ully Stella