quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ar Rarefeito

Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes...”




Calço as escadas de uma estação, com a animação de alguém que não quer chegar, e incomodada com uma sufocação que contrai meu peito. Sem possibilidade de ar rarefeito, em estar a menos de 15 metros do chão, como todo ser humano, coloco a culpa no amor, porque colocar a culpa em algo abstrato é mais fácil do que em algo que tenha a capacidade de se defender.

Na realidade, mesmo culpando somente o amor, ele se materializa e me liga, afrontando tudo que eu sou. Ameaças, chantagens e indiretas – tudo que eu abomino – estavam incluídas no pacote, e escritas no contrato, obviamente, em letras miúdas. Por isso, nunca irá deixar de ser minha culpa. Culpa? Que coisa mais desnecessária que é sentir tal coisa. Mas é isso que acontece com o coração que se disponibiliza a outra pessoa. Disse que te amo? Então jamais me devolva a parte que te cabe dentro de mim. E tudo mais que eu poder engolir com água, engolirei, para que eternize o momento ou o fator que me fez te amar, que te fez eterno em mim.

O que eu deveria esperar de alguém que prefere meu boné a um cabelo bem escovado? Unhas desenhadas e lixadas, as minhas descascando que eu escondo no bolso? Perfume doce, a minha fixação pelo teu cheiro de homem?
O que eu poderia esperar dele, menos do que alguém que desafia tudo o que eu sou e que eu pretendo ser? É difícil... mas porque eu me coloquei nesse patamar de merecimento ao mais ousado guerreiro do reino.  

Também não é o teu dinheiro, teu luxo, teu carro, tua gramática e tua perfeita dicção e percepção do mundo que me fazem te amar. Fiquei tempo o bastante para fazer as observâncias necessárias para cada palavra de cada texto em que penso em ti. Fiquei tempo o bastante para saber que dói incontrolavelmente ficar, e também, ficar sem você. Por isso espero ansiosamente pelo divino momento em que irei parar em algum lugar e me sentir, enfim, satisfeita.

Te amo a ponto de repetir quantas vezes perguntar (mesmo com a minha imensa incapacidade mental que me leva ao estresse absoluto quando me pedem para repetir alguma coisa), que é amor sim, e é pra você. E vai continuar sendo amor aqui bem de perto, dormindo na mesma cama, ou bem de longe, onde não existe a nossa cama.   

– Ully Stella

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