terça-feira, 19 de abril de 2011

Tua Sustentação


Tropeçar na calçada diante de todos, – pra mim – é tão menos importante do que o céu colorido em degrade, no fim da tarde... tão insignificante diante da cor prata que a lua cheia deixa, onde esta escuro. Mas tem gente que não olha pro alto com medo de tropeçar, e se mesmo assim acontecer, tratará mal todos, durante o resto dia. Eu simplesmente não consigo compreender, essa gente que é acostumada em levar uma vida mais ou menos, ter um dia meio bom, amar um pouco as pessoas ao seu redor, e odiar com todas as forças do seu ser, uma pessoa, durante a vida inteira.  

Acabei por criar, para mim, um jeito bobo de não brigar com a vida. Esqueço o mal que me fazem. Alguns ódios, rancores e medos, me sustentavam no chão, me faziam ficar de pé. No dia que os soltei, um vento passou e me carregou pra bem longe daquele lugar, em que todos mantinham seus ódios, por questão de honra, implicância, conveniência ou puro costume.

Comprometida em ser feliz, e entre meus vôos ocasionais, cheios de partidas necessárias e chegadas gloriosas, conheci o sorriso mais lindo de todos os vôos.  Aquela necessidade de antes, que eu tinha de ser feliz, acabou, na primeira vez que te vi sorrir – e era pra mim –, fazer você feliz, se tornou minha necessidade. Quando percebi que você era um dos que se sustentavam no chão, tentei te carregar, mas não consegui, por amor, fiquei. Felicidade agora, comparada a antes, é nada, mas é turista, quase todo dia.

Hoje, sou rainha durante o dia e monstro nojento que assusta crianças, durante a noite. Se fosse outro, eu fugiria, nada que desperte meu ódio, permanece na minha vida. Hoje o que me sustenta no chão é você, - sorriso lindo - é amor, mas também é dor.  Dor de não voar, dor de odiar... Odiar o que você me faz ser, toda noite.

Mesmo que eu voe, choro. Mesmo do alto, te vejo. Mesmo feliz, te quero. Mesmo não querendo, volto. Porque todo vento me leva a você, todo vento carrega seu cheiro, seu sabor... o toque da sua mão calejada.
Mas entenda, nasci pra ser muito feliz, e não posso aceitar menos que isso. Posso andar desengonçada e viver tropeçando, mas é o preço que pago por não ter medo da vida. O que te sustenta de pé, não é o que te faz feliz! Ninguém que se entregou de verdade ao amor ou a vida, permaneceu de pé. Enquanto tiver medo de tropeçar, enquanto aceitar dias “meio bons”, enquanto não soltar tudo que te prende no chão e voar comigo... Será inevitável minhas voltas, e igualmente inevitável nossos fins.

– Ully Stella

Um comentário:

  1. Texto lindo! Sentimento puro, verbo sentir misturado ao verbo querer!
    E fico boba e feliz quando leio que donas de escritos tão lindos, admiram meus escritos tb!
    bjs moça, continue esse talento!

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