quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vergonha.

“O fato é que[...] A GENTE TA PERDIDO! E esse não é um pensamento triste ou pessimista. É só uma constatação. Sinto que a gente tá sempre tentando encontrar um não sei o quê, que sempre falta. E quando encontra esse não sei o quê que tava faltando, começa a procurar uma outra coisa. E é esse desejo que movimenta o mundo. A gente é feito de um monte de vazios que precisam ser ocupados para que outros vazios possam surgir.” Briza Mulatinho


Sou a maior corna do mundo.
Meus chifres já não cabem mais nesse planeta, já invadiram a atmosfera e atingiram as estrelas, a Lua que saia do meu caminho!
Vivo me traindo. Cheguei a absurda conclusão que me traio para viver. Me traio em cada situação que me arrisco. Me trai ao te mandar embora, me traio ao te querer de volta, me traio ao ouvir sua voz. Me traio ao me entregar a outra pessoa, me traio em achar todos idiotas e indignos de ser vitimas de uma pessoa que vive traindo.
E assim vou pulando as cercas do meu coração.Tenho um visinho que se chama Razão, um bonitão, charmoso, cheiroso e elegante que me faz gemer bem alto, e me da um louco tesão. Mas meus tesões são como todas as minhas outras vontades tipicamente sagitarianas, passageiros.
E depois ao voltar pra casa me sentindo a mulher mais suja, me lavo, me limpo e continuo imunda sem saber o que e porque faço.
A vida cumpre o seu papel de me surpreender, trás pessoas incríveis e mágicas, dispostos a me fazer sorrir pra sempre, mas a danada da satisfação enjoou da minha cara, e jurou nunca mais aparecer, disse que eu sou louca, me aconselhou procurar um analista, e quando eu parasse de me torturar e aceita-la de comum acordo, ela voltaria.
Enquanto isso eu fico aqui zombando da solidão desnecessária e azarando as situações banais que encontro pelas esquinas, por pura falta de coragem de ouvir o que um ser Analista que estudou anos e fez provas poderia dizer da minha doença. Me resumiria louca, com fortes tendências a traição e resistência a dor. Resumindo. Uma putinha masoquista, que se dá ao acaso sem pedir dinheiro, e apanha da vida por prazer. Desculpe seu Doutor, você estudou muito pra dizer o que eu já sei! Então venha se enroscar, e enlouquecer junto comigo...
Puta, chifruda, ou apenas mais uma jovem exagerada, me encontro aqui, traindo meu corpo e minha sanidade mental com mais uma noite sem dormir, perdida em textos, filmes e uma trilha sonora sem meios, fins ou sentido, e vou escrevendo até não lembrar mais quem sou ou diferenciar a realidade do que eu inventei, escrevo até o sono ser mais forte do que qualquer lembrança tua, e depois durmo, perdendo dias inteiros sonhando sonhos que nunca irei lembrar... Traio o espírito de liberdade que eu costumava ter, traio o sentimento que meus amigos nutrem por mim, traio os meus limites e raros princípios que eu levava tatuados nos meus pulsos, traio tudo que um dia fui, sendo assim, como estou.

Vergonha.

Outro dia talvez eu volte a ser digna do meu nome tão único, do meu brilho tão particular, que deve estar perdido em alguma parte desse meu quarto de cabeça pra baixo. Outro dia, porque hoje já não dá, são seis da manhã, a chuva ainda ta caindo, e eu preciso me deitar. Até a próxima noite!


– Ully Stella 

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

CocÔ Chanel

  Me perdi em pensamentos olhando aquele casal. Depois fechei os olhos e rezei forte.
Nunca tive tanto medo.
Rezei para que eu sempre tenha amor para amar, para nunca deixar de ser quem sou, nem que seja um amor pra dispensar, ou um amor para morrer de amor. 
Porque eu não quero ser mais uma garota com menos de 23 anos que se rendeu a quem não gosta, ou pior, a quem lhe dava alguma coisa em troca, por não ter a coragem de sofrer, dar a tapa pra bater ao acaso, por quem ama. Preferiu sofrer numa banheira com champagne, se secar com algodão e dormir em seda, disfarçando tanto desgosto da vida com a cobiça alheia. E vive disso, vive tentando convencer (a si mesma) aos amigos e familiares da sorte, e da maravilhosa vida que tem com quem poderia ser seu pai.
E diante dessa cena, imploro a Deus, e as minhas forças interiores (que me restam): - Não quero perder o gosto da vida que tenho, e a graça que vejo em arriscar, em algo à mais, em pessoas à mais, em momentos à mais... mas que eu saiba o ponto de parar, ou até de voltar, pras coisas essências.
A fé que tenho, que guardo no bolso, como um pé de coelho, um tau no pescoço, é de viver até mais do que posso, e perder só o que for necessário ser perdido, não lotar o pote, e não o deixa-lo vazio.
Quando alguém se rende ao dinheiro e a inveja dos outros para ser feliz, ela automaticamente, precisa dos outros para ser feliz. No dia que todos não precisarem olhar para os lados, e se bastarem, as pessoas que precisarem das invejas alheias, ou cometerão suicídio, ou aprenderão a amar a vida e deixar de lado o trivial, o que é de ouro, de cristal, de DG, de CoCo e de CoCô.
Um dia quero poder ter dinheiro, viajar, explorar e conhecer pessoas diferentes, raças, línguas e culturas, realizar os sonhos que nem sonhei, sem ter como objetivo central, o intuito de postar na internet após a viajem. Queria poder dar um selinho na Hebe Camargo e trocar uma idéia com o Jô sem precisar aparecer na televisão.
E quero continuar não tendo as pretensões ruins que hoje não tenho, as mínimas maldades em cima do que não posso ter, que a minha cobiça não seja nada além de todos os cajuzinhos que a minha tia possa fazer.
Quero que todos que eu amo, tenham por quem viver, quem amar, que sejam amados de volta e se bastem para viver, e que todos desejem isso a todos que conheçam, que desejem a todos que conheçam também ... num circulo vital e infinito. 
Quero que uma garota linda, leia o que eu escrevi, e peça desculpas ao pai por ter saído de casa e largado a escola, e encontre quem a faça feliz de verdade, mesmo com a renda baixa e um carro popular. Quero que um homem mesmo que já depois dos seus 50 anos, perceba que pagar as luxurias de uma garota, para ele mostrar aos amigos não o faz feliz como deveria fazer, e finalmente pergunte aos filhos como foi o dia.
Quero mais amor, e sinto que preciso rezar mais! 


"Minha fé no pescoço." (Tau)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Em Cima do Teto do Seu Carro




Não consegui  sobreviver ao primeiro TPM após o término com meu primeiro namorado. Continuei existindo de forma inativa e completamente sem foco sobre a vida, nem sabia mas o porque das minhas escolhas ou aonde iria com tão pouca vontade de mundo.
E então no meu segundo TPM, inchada, cheia de espinhas, a base de brigadeiro e sarcasmos alterados pra disfarçar tanta tristeza, me vejo em cima do teto do seu carro, limpando seu vidro traseiro com o meu cabelo, escutando Jack Johnson, respirando ares de rosa branca, e pela primeira vez em meses, me amando.
E tudo por causa de uma pessoa que eu não queria presente na minha vida da mesma forma que ele queria. Vontades contrárias que eu defini como mero erro, nas primeiras palavras das tentativas frustradas dele. Quando uma relação logo no inicio tem vontades direcionadas a caminhos diferentes, qual a chance dela funcionar, e der em algo positivo? Impossível. Afirmei com toda certeza baseada na sabedoria enganada de uma mina que acabava de fazer 17 anos. E como tudo que ultimamente esta acontecendo pra me jogar como errada, errei novamente.
Você veio cheio de idéias e pretensões, pensando no futuro e misturando com o meu sorriso, tentando fazer com que a sua bagagem vazia, fizesse par a minha igualmente vazia. Quis me congelar numa foto e guardar de lembrança, e eu paralisada com os olhos fixos naquele mar azul que refletia minhas frustrações de um recente passado... E pra te espantar, e usei um artifício que jamais tentei antes: - fui eu mesma. E o que aconteceu ? Te encantei, te confirmei minhas loucuras mais intimas, mas te encantei... te fiz rir do negativo, te dei a raiva com gargalhada, e mais algumas horas de conversa franca e honesta, porque já não nos restava quase nada depois das nossas recentes escolhas a não ser, as nossas verdades. Dois perdidos, com fome de paz, mar e música, fugindo de fantasmas e descobrindo que éramos parecidos até nos acasos e em pequenos delitos do qual nos orgulhamos... Agora você me conhece mais que qualquer  amigo de infância.
E me presenteou, e me fez pensar, e me fez rir, coloquei meus pés feios para fora da janela pra sentir o vento da sua velocidade... e quando eu vi, lá estava eu, viva, como sempre fui e nunca deveria ter deixado de ser.
Em cima do teto do seu carro, tendo a luz do poste como lua e sem um pingo de álcool na mente, te aceitei, e você nem sabe. Te aceitei como um lado que me trás o que tem de bom, te aceitei como meu lado masculino, , aceitei um sol de sábado e de um domingo às 6:30 da manhã pós madrugada, te aceitei como um presente de Deus, como deveria ter aceitado desde o inacreditável dia que te conheci.
Do futuro, nem eu, nem você queremos saber, não vou me render, como sempre, é cedo, mas acredito que somos interessantes demais pra morrermos nas mesmas conversas... Não haverá ganhadores na nossa batalha, até porque eu estou muito acostumada a ganhar o que eu quero, e você acostumado a não perder... Chega de corridas, chega de pensar no tempo, eu quero é somar, da maneira que for, mas somar, expectativas com realizações, e ainda abrir espaço pro acaso, que sabemos fazer muito bem.
Eis me aqui, pronta pra viver de novo, e obrigada, seja lá você quem for, ou o que for.

De: Roberto para parceiro !




terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Final De Mais Um Pra Sempre.


Hoje até as nuvens alaranjadas no fim da tarde me escaparam. E também não consegui me sentir a vontade com esse céu negro sem noite. Na realidade não me sinto a vontade é com a tua futura ausência.
Nunca tinha sentido a lagrima tão gelada e pesada; gotas de vidro. A lagrima que saiu quente, caiu na sua frente, respingou em você, e mesmo assim você não a viu. Depois disso alguma coisa aqui dentro ficou esfriou, não sei bem. Se pelo menos tanta frieza me fizesse imune a sentir as dores que me lançam.

Dessa vez não achei o fim bonito, como costumo achar. E faz sentido toda tua teoria sobre eu só pensar em mim, porque logo agora que não fui eu que coloquei o ponto final, acabei não gostando do resultado.
Minha lista de “pra sempres” estava feita, não completa, faltava tudo que eu ainda tenho que viver, mas já tinha sido começada, e você com essa sua cabeça imensa ocupava tanto espaço que quase “cabeceava” a minha lista. Queria poder ter tido tempo para te zuar com esse trocadilho.

Nem me lembro com que idade te conheci, nem em que ponto se fez tão necessário, você era um dos meus bibelôs que eu carregava pendurado na minha mochila quase vazia, um daqueles que eu não tinha prazer de tirar e jogar fora, e sim de carregar e mostrar ao mundo, como prova de amizade, algo que eu não conseguia me desfazer. Você era um lado bom meu.

Você cresceu... Nossa, nem tinha reparado em como você cresceu. Agora tem pêlos no rosto, voz grossa e fala comigo num ar de quem aprendeu a lição.
Você cresceu, e eu não. Não falo só fisicamente (infelizmente, isso é visível), falo no nosso modo de brincar sem pudores, e nos xingarmos até perder a graça; das letras do Legião Urbana, Cássia Eller; de todo teu exagero, de como você me torturava por eu ter um pé horroroso e o pescoço de girafa;  ignorar meu namorado para ir embora agarrados dividindo fones e cantando músicas que ele não sabia que existia.

Enquanto eu ria de uma noite boa, você se calou, virou as costas e foi embora sem dar tchau, conversou com quem me odeia, e nem me viu chorando. E te deixar falando sozinho deve ter sido o menor dos meus erros, ou só contribuiu para o seu atual pensamento. Desculpa mas eu não agüentava mas ouvir o resumo de todos os problemas da minha vida tendo eu como vilã que projetou todos eles. Como já disse, sempre tive ciência  do meu lugar de ré, e eu nunca pensei que logo você, seria o meu juiz.

Me deixar sozinha agora é o mínimo que pode fazer, o ano ta acabando, ele foi horrível mesmo, agora é a hora do meu “tanto faz”. Mas é covardia sua Se deixar sozinho. Queria poder de novo, te cobrir de abraços e dizer que nunca vai estar só, que tem a mim, que você é um pra sempre... Mas você ouviu demais, penso demais, me ouviu de menos, me olhou de menos, teve pouca fé em mim... Você explodiu nossa ponte meu amigo.

Doeu te perder, doeu ouvir você dizer, e dói confirmar mais uma vez que sozinha eu sei ficar. Adeus meu querido “Pra Sempre”, e vê se não fique só, e tenta não lembrar só do mal que te fiz, porque é horrível lembrar de momentos bons sozinha. Amo Você.

E depois dessas últimas lagrimas, tenho a certeza que não chorarei tão cedo.

– Ully Stella 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Linha Invisível

“Mesmo quando desvio meus olhos e meus pensamentos de ti, mesmo quando estou ocupada consertando a minha vida, enquanto vasculho as imensidões psicológicas que moram em mim, mesmo quando estou cansada e precisando de tantas coragens, mesmo assim, guardo teu rosto na retina da minha alma. Solange Maia



Não sei se esperneio e grito entre lágrimas pesadas, igual criança, ou se sorrio descontroladamente, mergulho agora na piscina nessa chuva quente, dentro dessa madrugada de verão, de tão feliz. Na realidade, só seria feliz, sem dores ou fortes palpitações contrárias no peito se eu caísse morta no final da noite, só assim, não vivendo um dia sequer sem poder te beijar - o melhor beijo que a minha boca ja ousou beijar - sem poder te chamar de amor, sem me sentir a pessoa mais realizada do mundo dentro dos seus braços, sem ser a causa do seu sorriso aberto lindo.

Não tem como ser feliz estando sentada entre um "sim" e um "não", me equilibrando numa linha que de tão pequena se torna invisível, e que de tão invisível, ninguém entende porque tenho tanta necessidade de me equilibrar todo tempo, porque me contorciono tanto, porque estou sempre concentrada em Não cair, que perco o que esta acontecendo em minha volta, me acham louca... Mas eu sei o que o não vai me proporcionar, mas o "sim"... O "sim" tem o perfume que eu escolhi, e tem um cheirinho que vem de dentro do nariz, que é dele, mas que eu também escolhi um dia, para cheirar o resto da minha vida. O "sim", tem pele de lobo, olhar e alma de cordeiro, o "sim" que é o contrário de mim, contrário à todos os sim que dei e pretendo dar na vida, mas que me ama até o meu dedo do pé com síndrome de down, ama e agradece até o momento em que meu pé horroroso foi feito, porque naquele momento estavam fazendo o pé horroroso e o resto de mim para ele amar.

Ele é o único, repito, o único, que me deixa sem saber o que falar, porque ele é tudo que eu queria falar para todo sempre, ele tem perguntas no qual, me paralisam numa situação patética, caótica, sem saber o porque eu prefiro sentir dor sozinha, do que sentir dor entrelaçada em quem eu melhor me encaixo.

E como eu poderia responder ?
Porque Ully? Porque sempre o duvidoso ao certo? Porque o fracasso ao tédio? Porque a dor ao nada? Porque ser tão amada e não saber o que fazer com isso? porque, porque, porque?
E já te tenho tão distante, distante dos meus ideais, muito mais do que já eram, demos passos inversos gigantescos. Te tenho perto para puxar meu braço e me roubar um beijo ardido, te tenho perto para ainda me causar desejo, mas te tenho inalcançável na vida que escolhemos e que nos damos muito bem. Ta tudo certo, tudo encaixado, Deus nos deu a possibilidade e o dever de sermos felizes, então quem foi esse maldito que faz com que seja tão perfeito o momento que estamos juntos? Ser sujo, que zomba de mim, do meu amor, do amor dele, da nossa dor quando viramos a esquina e o telefone não toca quando chega em casa, e percebemos que temos por quem orar, mas que continuamos sozinhos na caminhada.

Inocência dele sempre achar que eu posso salvar tudo, que eu vou sempre ser a heroína que devolve o que foi dele tirado, se fui eu mesma que sempre tirei. Inocência a minha achar que não tenho culpa, e que algum milagre vai fazer com que ninguém nunca tire ele de mim, ou melhor, eu dele.
Não devo morrer até o final da noite, então não vou ser feliz agora por saber que vou continuar assistindo a esse teatro triste de histórias que nunca se encaixam como deveriam, e tendo que engolir a seco, como engolir areia sem nenhum copo d’água, o fato de que as coisas nunca vão ser como a gente quer. Ta ai, uma frase em que a palavra “nunca” se emprega no seu real sentido.


– Ully Stella 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Em Branco



Desculpem a ausência.
Tenho visitantes diários no blog, parece que sempre tem alguém com a esperança de que eu poste algo. Até eu tenho também essa esperança, e todos os dias (ou quase) eu escrevo alguma coisa, mas são textos, frases e palavras sem nexo, descombinadas, desajustadas, desconectas, sempre com um mesmo sentido primário e mas sem finais ou conclusões.

Eu escrevo melhor do que falo, sinto maior do que escrevo, preciso mais do demonstro e mesmo assim, sinto necessidade de mostrar que sinto. Escrevo porque talvez eu nunca vá saber falar tal como sinto, nem explicar o quanto é importante para mim escrever, e o quanto eu amo te confundir com as minhas palavras tontas e desgovernadas, que atiram para qualquer lugar, tentando atingir alvos longínquos, quem sabe rodar o mundo e acertar a minha própria bunda.

Mas os meus últimos textos estão sendo reflexo de dias incompletos. Mas os dias acabam, estando eles completos para gente ou não. O dia tem que cumprir o seu horário, o tempo não anda mais devagar na esperança de você saltar da inércia e correr de encontro ao acaso e tentar formar uma boa lembrança, digna de alguns minutos sentada no computador buscando as melhores palavras para descrever essas lembranças.

E assim a vida, os dias vão passando, acumulando dias incompletos, desejos e sentimentos cortados ao meio, e por fim textos e mais textos acumulados sem sentido algum.
Meus dias acabam sem sentido, mas não posso me dar ao luxo de postar textos igualmente sem sentido, porque de louca e estranha, basta a fama que já cultivo à tempos. 
Meus dias hão de voltar a serem completos, com início, meios interessantes, finais ardentes ou continuações instigantes do jeito que eu/vocês estão acostumados.

Esses meus medos: de fazer aniversário, sentir menos amor, ousar, não voar, cair, escuro, muito claro, bafo, mediocridade, braços finos, aparelhos dentais, mono celha, pés lindos, mentiras, prego no olho, sol, pessoas misteriosas, e outros milhares de medos, por algum motivo, andam me afastando de completar os dias, talvez não todos esses medos, mas alguns tão grandes que me fazem aumentar o tamanho de todos os outros, me tornando alguém chato, desconfiado, pessimista, medroso... (tudo que eu não sou e odeio).

Não sei porque, a vontade me chega, sorri, me chama pra sair; uma fila de vontades se faz atrás dela, todas elas com bons motivos, razões ou pelo menos pretextos para eu aceita-las e vive-las como se deve; todas minhas, todas prontas... Mas algo que eu ainda não sei reconhecer a origem, me fecha a porta, e só sobra uma vontade, uma vontade feia, com nariz pontudo e envergado, com  rugas, olhos fundos, boca ressequida, corcunda e cheia de varizes e celulites que me chama para dormir algumas horas à mais e esquecer as coisas que podem me fazer algum tipo de mal futuramente.

É triste reconhecer quanto tempo eu prezei minha liberdade, sem me deixar negar nada que me despertasse desejo, e agora me encontro sem terminar textos. Demorei mais de 4 horas pra concluir essa merda de texto, e lutei para não achar ele idiota o bastante para não postar. Idiota ou não, postei, para que até a falta de motivo para escrever, seja algo importante à ser escrito. Só pra não passar em branco, o branco que está passando por mim.

Acho melhor eu começar a fazer ficção...


– Ully Stella 

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Morrer na Praia


Fugindo um pouco dessas facilidades costumeiras do amor; flores e chocolates, declarações com ou sem sentido, com ou sem fundamento, com ou sem sentimento. Meu coração já é defeituoso demais para ainda entender o porque sou a "garota certa" para tantos que nunca foram os certos pra mim.
Não queria nada mirabolante, só não me desesperar ao pensar no buraco que meu futuro se fazia. Inventando o que pensar, olhei onde alcançava, preparei o arco, mirei e flechei. E o alvo que parecia próximo, invenção pra me ocupar, se fez uma das maiores aventuras da minha vida, porque finalmente, um alvo meu tentou desviar! Não foi diferente de quando alguém acaba de descobrir algo que mudaria sua vida para sempre, algo revolucionário, me deu vontade de gritar "TEEERRA À VISTA!". 
Pela primeira vez, ouvi um: “Não se apaixone por mim”. Achei que esse tipo de coisa só se ouvia em novela mesmo, era algo fictício, uma brincadeira. E é óbvio que me apaixonei.
Era vitima, mas falava com ar de protagonista do meu filme - que ousadia! Talvez tenha sido uma simples “cisma”, mas foi forte, foi intenso, e sou incapacitada de negar intensidade.
Tentei uma abordagem diferente, já que essa foi em vão. Tirei minha armadura de defesa, vesti um sorriso lindo, escolhi minha melhor simpatia, e desarmada, subi no meu cavalo, toda donzela, e fui em direção ao que incomodava o meu pensamento até então, mas morri na praia - literalmente.
Morri naquelas curvas morenas, morri naquele cabelo bagunçado, morri de tanto mistério, morri naquele sorriso sem graça, morri de tanta vontade, tanto desejo, morri naquelas idéias irreais, morri tentando arrancar dele um “sim” medroso, escondido atrás daquele forte e robusto “não”. E morri, morri, morri... O que aparentava ser um objeto frágil, era a coisa mais forte, rígida e impenetrável que eu já ousei tocar. Uma áurea linda mas carregada de tristeza e um medo enorme de ser feliz.
 Fitando o sol coberto de nuvens enquanto ele quase dormia, minha sensação era de eternidade. Foi mergulhar, “Snow” tocava nos meus ouvidos e eu tive uma daquelas visões que não dá pra esconder o riso - uma perfeição molhada. E ainda me levou para ver o céu dele, com estrelas fluorescentes que davam para contar. Minha vontade era de comprar todas as estrelas fluorescentes que eu encontrasse, pra colar no céu dele, até não podermos mas contar, perder horas entrelaçados, contando... e enquanto eu inventava futuras estrelas, percebi outra sensação de eternidade. E quem nem donzela era, agora até encantada estava. 
Talvez não dure, talvez tenha sido mágicas e eternas horas, talvez eu nunca nem vá chegar a uma conclusão, muito menos descobrir tudo que eu queira. Ou talvez eu esteja satisfeita em não saber nada, mas de ter conseguido, enfim, me permitir sentir o que eu achei que não conseguiria mais. Ele, sem saber, me mostrou que eu posso. Posso parar de sofrer, posso guardar minha maldita e imensa saudade trancada no meu quarto enquanto eu saio para fantasiar e me encantar por ai...
Hoje eu sei que ainda é cedo, que eu tenho muitas “eternidades” para descobrir e que existe extensões de areia imensas para eu morrer.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Boca Vai Continuar Sangrando




O amor é patético, é uma frase sem nexo, é um eterno clichê, é ter uma razão pra matar, é toda duvida que se pode ter. Mas ter um amor, mesmo que longe, só de ter a certeza de que tem uma pessoa no mundo que pensa em você antes de dormir, é todo o contentamento que eu preciso na vida.
E então, depois que todos dormiram, o telefone toca. Já tinha me acostumado a não ouvir mais aquele barulho irritante, mas hoje aquele barulho fez feliz meu coração.
Era ele.
E depois de ouvir muitas falsas preocupações, aquela que te aponta o por quê você voltou a beber e sair todos os dias dos fins de semana, aquela falsa preocupação que mal conseguiu esconder a vontade que estava de falar suas frases feitas, ou de me lembrar o que eu tinha jurado não fazer.
Mas dessa vez, depois de muito tempo ele me surpreendeu, conseguiu dizer algo que eu nunca achei que poderia ouvir dele. Por mais que eu saiba que é mais um artifício de defesa, mais uma armadura em volta do seu corpo, que agora pra mim, se fazia intocável, mesmo que eu saiba que é uma forma clara de tentar me atingir, (logo o meu corpo sem nenhuma armadura) doeu. Doeu de forma certeira, limpa, clara, sentida.
Eu sei que eu não fui o que você esperava que eu fosse, não agüentei nem a metade do que você agüentou, mas o seu amor era o que me fazia respirar sem doer o peito, e você me nega ele como uma pessoa admitiu ter uma idéia ruim...
Prendi o lábio forte, e ja sentindo o gosto de sangue, o interrompi e fiz o que eu sei fazer de melhor na vida, fiz o que eu nunca vou deixar de fazer, por ninguém, falei a verdade. A verdade pode doer, pode fazer sangrar a boca de alguém do outro lado da linha telefônica, mas a verdade faz eu ser quem eu sou. Eu nunca vou me sentir bem te fazendo sentir mal, se é assim pra você, tudo bem, mas aprenda a mentir primeiro depois venha tentar me convencer.
Eu te amo, nem Deus, nem meus amigos, nem o tempo, nem futuros namorados, nenhuma revelação, macumba, mandinga ou algum desejo louco de te machucar vai me fazer dizer um dia que não foi amor.
O meu amor é tão real e puro, que fico feliz em saber que esta bem sem mim, que esta feliz ...
Fui dormir rezando doloridamente pra acreditar que era mentira, lutei pra ironizar, pra que eu não dormisse com a consciência pesada de ter dito a verdade e sim você de ter mentido.
E carreguei certo peso durante 48 hrs. Perdi um pouco da minha fé durante essas horas, minha fé na vida, fé no que eu achava que era vida.
 O telefone toca de novo, o telefone que eu gostaria de jogar na parede pra não ter tanta vontade de ligar e te xingar por ser culpado de me deixar tão triste. Era a voz que eu mais conhecia, num tom languido que pedia desculpas por ter mentido. 
Minha mãe nunca me viu tão feliz por atender um telefone.
Eu sou mulher, e quem é mulher sabe o quanto ficamos vulneráveis durante alguns dias, então como boas mulheres mentirosas e orgulhosas, quando choramos, ou temos lapces que levam a gente até a pessoa em prantos, dias depois ligamos para explicar com toda calma e cordialidade do mundo, que foram apenas os hormônios, não nós, e pra ser convincente, pede até desculpas.
Mas então me diz, o que leva um homem sem ter dias infernais marcados no calendário, de hormônios alterados, falar com voz de choro e desespero ao telefone no meio do dia, na hora que deveria estar comendo, ou descansando pra trabalhar de novo?
Não sei bem como cheguei aqui, preferindo morder até sangrar a minha boca (que ja é muito sensível, que só você no mundo sabia como beijar), do que expor os meus mais verdadeiros sentimentos, nem sei até quando vou ter deixar esse sangue escorrer ao invez de me render à tanta vontade de correr e te abraçar nunca mas soltar... Mas hoje eu só vou te perdoar, porque você pode me negar carinho, abraço, presença, beijos, sorriso, desejos, tesão, suas mãos, seu olhar, ME NEGUE, finja que não me conhece à quem perguntar, mas nunca mas me negue o seu amor, ainda é o que me faz dormir à noite, a sensação de amor mútuo, é o que me faz seguir em frente... Nunca mais me negue seu amor. 
Eu te perdôo. 

domingo, 21 de novembro de 2010

Necessário, Pra Sempre Necessário.

Só conseguimos nos tornar pessoas, pessoa com valor... quando acrescentamos na vida de outros. Não se vive uma vida só, nem tão pouco se vive duas, você não pode tomar posse da uma outra vida e fazer dela, a sua, mas, tente pelo menos ser tudo na vida dessa pessoa.
Dê de olhos fechados, "mãos fechadas pra receber, mão aberta para oferecer", e se essa pessoa não te der o mesmo tanto que você dedicou a ela, ela não deu o valor, mas Deus viu, Deus dá, Deus é o único capaz de tirar de olhos abertos, Deus te da a capacidade de espera, e acredita na sua fé, e te da em dobro com os mesmos olhos abertos, atentos e misericordiosos que nunca se fecharam, por toda eternidade.
A pessoa imatura também tem a capacidade de se doar, de dedicar a sua existência a existência de outro, mas na primeira queda, faz birra, chora, desiste. A maturidade consiste em reconhecer a queda, aceita-la, ver onde errou e correr atrás de, no mínimo, chegar perto do que se quer. Não é teimosia, é dar credibilidade aos sonhos que carregou, é dar esperança pro ego continuar.
O imaturo talvez nunca vá saber o que é continuar, ou melhor, RECOMEÇAR. O fim muitas vezes é a parte mais bela e misteriosa de todos os casos. Não tente prender a forma de uma nuvem pra sempre, deixa ela se desmanchar e criar uma forma bem mais bonita. O fim nos humaniza, o fim é a essência do homem, porque tudo nos dado na terra, fica na terra, se nos como humanos não aprendermos a conviver e aceitar o fim, não viveremos com dignidade, ou, felizes.
Mas se o fim nos humaniza, a fé nos eterniza. O homem que tem fé, mesmo que do "tamanho de um grão de mostarda", que acredita nos olhos atentos de Deus, sabe que a dor faz parte do progresso, que o fim é preciso, espera e crê na misericórdia do Senhor, não se sente só. O choro e a lágrima, não são os mesmos, a sensação de solidão, se transforma em sensação de liberdade, dolorida, mas liberdade de poder escolher ficar do lado do que te trás a única alegria que não é passageira, a alegria que perpetuará por toda sua vida, porque é real , é eterno, te oferece o "além".
Você nunca vai se surpreender com algo, derradeiramente bom, se você estiver anestesiada com algo banal, que você julga bom. Foi necessário você chorar, se sentir só, ficar no escuro, pra ter coragem de acender uma luz e conseguir enfim, enxergar.  Foi necessário (pra mim).

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Prazer, me chamo Exagero.

“Ela ri, ela pula e canta, e assim a dor espanta, se fingindo Colombina. Me comove ver o pranto daquela pobre menina, que teve a má sina de se deixar conduzir.”
Cartola






E tudo que eu faça agora, vai parecer que é uma tentativa desesperada de esquecer de você. E não só parece.
O esmalte preto, o delineador borrado e todas essas infelicidades me cercando, deprimem quem quer ajudar, e eu sem saber diferenciar dor, de saudades, de amor, não sei o que responder à quem se preocupa. Abro um sorriso minguado e esboço, um “sei lá” porque eu realmente não sei. Não é agora que a tristeza me aflige que eu vou começar a ser falsa ou a mentir, eu só não sei como eu cheguei aqui, só não sei onde eu comecei a negar o que me fazia bem, e aceitei de bom grado o que eu julgava ruim, não sei como eu fui parar naquele lugar, com aquela pessoa, imitando o que eu fazia no meu lugar com o meu amado... Que já nem é mais meu; é dele mesmo.

Eu dei a liberdade que ele jurava não precisar, eu dei o que ele não queria; eu dei o que eu queria, agora não sei mais o que eu quero.
 As lagrimas são incapazes de sair do olho, embaçam a vista, fazem arder, constrói um albergue de sentimentos dentro de mim, pressiona e faz pressão sobre o meu peito, mas não caem.

Queria dar uma explicação ao mundo, queria dar uma explicação à mim mesma, queria poder subir em um palanque e assumir publicamente que errei, que a idéia inicial não era tão boa assim, mas todos sabem que já não dá mais. E essa sensação de sujeira incrustada  no meu corpo, das coisas que eu fiz tentando tirar você do campo de visão do meu pensamento, parece não sair com água quente nem gelada.

Forcei um choro inverso, como se água de olho pudesse se transformar em alegria...
Já modifiquei tantos momentos de desespero em motivos para ficar bem, mas parece que essa minha mágica acabou. Acabou porque eu tenho uma vontade besta de não entregar à ninguém o que é seu, uma vontade tão besta, parecida com a vontade que eu tenho de morar em cima da casa dos meus pais, uma vontade que é quase um medo, de tirar tuas fotos da minha parede, ou do telefone não tocar mais de madrugada.

Já vou sair dos meus 16 anos, e no fundo eu sei que vou continuar me maquiando, vou continuar com as roupas novas, saindo, procurando algo sem nome, sentindo aqueles cheiros, toques, timbres de voz, sorrisos e vontades maliciosas e eu vou continuar tendo nojo disso tudo... E vou continuar querendo não sair dos meus 16 anos, continuar prendendo choros, dizendo que não me arrependo do que fiz com a gente e comigo mesma, dizendo que foi bom enquanto durou, vou continuar fugindo, recomeçando e dando fim em coisas, e sofrendo com isso e escrevendo por isso... E vou continuar amando isso tudo.

Porque é só isso que eu sei fazer, exagerar tudo que já é suficiente.

– Ully Stella 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sempres e Nuncas

“Difícil conciliar a manhã de fora com a treva de dentro” Caio F



Parece que não adianta o quanto tempo passe, a imagem que tenho de mim mesma: A noiva em fuga no cavalo.
Eu era pequena, quando comecei a reparar no céu, quando eu dei inicio a mania de olhar sempre para cima sem poder enxergar as pedras no chão. A coisa que mais influenciou nessa minha mania, era que eu ficava indignada em porque as nuvens me seguiam.
Tem coisas que não importa tempo, intensidade, importância, rotina, elas sempre vão ser as mesmas para sempre.

Nunca o pensamento de “isso passa” me satisfez, ou talvez ira me satisfazer algum dia. Nem me tira a  tristeza que eu sinto quando finalmente, depois de um dia ruim, as nuvens alaranjadas aparecem me trazendo um turbilhão de pensamentos, por que é triste ver o que eu acho mais bonito no mundo, durar minutos, e uma noite preta durar horas. A idéia de que eu vou ter que esperar 24 horas para ver isso de novo é uma sensação de morte, e sempre vai ser.

Já tentei optar pelo “nada”, mas a dor sempre me pareceu muito mais digna de ser vivida, quando eu acho que finalmente não vou sentir mais nada, é quando eu to sentindo tudo, até o que não é direcionado a mim.
Muita coisa muda, constantemente, rompemos princípios e limites impostos por nós mesmos todos os dias, à medida que crescemos impomos limites maiores ou menores; mas sempre com novas necessidades de mudá-los. 
Construímos sonhos, pretensões absurdas, vontades impares, coisas nas quais, a teoria é linda, a história é épica, mas que na prática, são falhas.

Hoje rompi um principio e fortaleci outro, só que esse rompido doeu tanto que quando vi a nuvem alaranjada que me segue desde pequena, sumindo, chorei sem nem saber onde eu estava, e se tinha alguém olhando. Chorei porque ver nossas teorias lindas, sonhos e vontades, definidas como uma simples falha, nunca vai ser fácil, ou aceitável no momento.

E hoje eu me vi de novo fugindo de branco da porta da igreja a cavalo, cavalguei até o lugar mais alto, vi as nuvens alaranjadas, gritei, chorei, ouvi música. E essa imagem sempre vai vir na minha mente quando eu falhar, talvez eu sempre vá ter a sensação de que não agüento mais uma noite escura, mas todos sabemos que irei aguentar; eu, você e todo mundo, porque querendo ou não, sempre tem a lua para nos distrair.
E quando vamos finalmente saber o significado de “sempre” ou de “nunca” ?


– Ully Stella

sábado, 6 de novembro de 2010

Terceira Pessoa do Singular




“Sou feliz só por preguiça! A infelicidade dá uma trabalheira... Pior que doença! [...]” Mia Couto






O telefone toca três vezes e para, quase todos os dias, e ela abre aquele sorriso sacana de quem recebeu 2 cartas de +4 no Uno; aquele sorriso besta de quem já sabia que aquilo ia acontecer. E depois de dias, só dando esse sorrisinho ela levanta com um andar de quem vai a praia com o biquine mais bonito que já comprou na vida, pega o telefone, disca e ninguém atende. Ela desliga e espera, coça a cabeça, olha pra um lado e pro outro, a postura cai, solta o palitinho de pirulito no chão e vai languidamente apagando todas as luzes até o quarto. Ela nunca tinha reparado que o corredor era tão longo, e que tinham tantas luzes a serem apagadas.
Ela o amava, ninguém duvidava disso, nem ela mesma, mas ela amava mais a sensação do algo mais, a sensação do enigma, a sensação da tristeza da partida, a sensação do coração batendo acelerado, ela amava todas as sensações, boas e ruins que a vida poderia proporcionar, ela não conseguia negar o desconhecido, era irresistível o gosto das descobertas e mesmo sendo estranho, até dos fins que ela inventava para não levar pessoas que não gostam da idéia do desconhecido, com ela.  
Ela esperava ansiosa por viver, não dormia, pouco comia, de tanta vontade de viver. Ela desejava até que a irritassem para ter motivos, mesmo vãos, de bater portas, de gritar no travesseiro. Ela não entendia necessidades tão distantes da sua realidade, mas mesmo se auto indagando, mesmo dizendo a si mesma que ela estava errada, que não era para ela sempre largar tudo que se fazia ‘certo’ e ir atrás de algum pretexto estúpido, o maior medo da vida dela, era que  perdesse aquele instinto de não ter instinto algum, era a única coisa que motivava ela a seguir em frente, tinha medo de ser fase, de ser bobeira, de ser algo tipicamente de menina que não quer nem chegar aos 18 anos. Então colecionava palavras para escrever textos, para marcar sentimentos, causas e perdas, porque ela não queria perder o que fazia ela ser quem era.
Ela queria a verdade, ela queria sofrer pela causa, ela queria amar qualquer coisa viva e quebrar todos os objetos imóveis que lhe tiravam a atenção ao mundo.
Não era a última vez que ela colocaria um fim desnecessário em algo por achar que a vida a chama para ver algo novo, e mesmo ela sabendo disso, sentiu cada passo no corredor de menos de 5 metros, que ficou longo de repente, ela sentiu seu peito se comprimindo contra o coração a cada luz que ia se apagando, o barulho da porta se fechando fez ela chorar, e olhando algumas fotos na parede, percebeu que estava curtindo uma fossa e começou a rir.

– Ully Stella

domingo, 31 de outubro de 2010

'For' Mim




Ele não tem absolutamente nada do que eu queria ter na minha vida. Mas seus cabelos são lindos, sedosos e delicadamente cacheados. Tem um sorriso que eu reconheço de longe. E seus olhos cor linda (não tem cor certa, por isso, o nome o chamo de "cor linda"), causam o caos a minha mente; gaguejo, erro, esqueço o português... Esqueço até quem eu era antes de começar a conversar com ele. 

É tão angelical que parece que eu não posso tocar com as minhas mãos sujas. Penso que vou sujar, quebrar, amassar, não mereço; Mas quero.
Ele não encaixa no padrão masculino ‘for’ Ully Stella, mas o-queria para mim, numa lista que só estivesse o nome ele.

Vamos fingir que eu não fui ao salão fazer cabelo, sobrancelha  e pintei as unhas de vermelho por que eu ia te ver.
Vamos fingir que eu não paguei 1 hora a mais no pilates, fiz a isometria corretamente e não roubei nos exercícios por que eu ia te ver hoje. Vamos fingir que esse ‘decotizinho’ simples e dedutivo não é para você. Finja que eu não mantenho a boca entreaberta para mostrar que é maior do que já é.

Finja porque afinal, tua beleza é a irmã obediente do teu ego, e ele nunca deixaria você pensar que eu me arrumei toda desse jeito e não foi para você. Finja porque é a forma mais fácil de você atingir a verdade. 
A verdade ? A verdade é que nada disso é para você mesmo não, nem nunca foi pra ninguém. Isso tudo é para mim mesma, para ver você sendo praticamente obrigado a perguntar “porque tão linda ?” 
Fiz pra ver o brilho nos seus olhos fazendo par com o brilho do meu cabelo recentemente hidratado, fiz porque você é um dos motivos para me sentir bem, me sentir mulher, me sentir viva. E quer saber, você não foi o primeiro a falar que eu estou linda hoje...


– Ully Stella 



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Abra A Janela



A dúvida é autora das insônias mais cruéis”
Nelson Rodrigues









Todo dia antes de dormir escuto barulho de chuva.
Não importa o que eu faça, os desejos que eu realize, orações que eu faça... Toda noite eu volto para o mesmo lugar, volto a ser a mesma solitária. Toda noite divido a cama com 2 horas de insônia, nariz escorrendo, olhos vermelhos e ardidos,  pensamentos e pensamentos... e o meu barulhinho de chuva nos ouvidos.

Não sei em que parte da vida expulsei o choro e a tristeza da minha vida, os proibi de aparecer do meu lado em foto, de serem meus amigos. Sou quase que incapacitada de assumir meus males. As lágrimas tem medo de mim, escorrem correndo, para que eu não as veja. De manhã o rosto esta seco.

Julgo a tristeza um dos sentimentos mais dignos de serem vividos. Já vivi momentos que antes de acontecerem, pré julgava como momentos que não iria suportar. Suportei. E ainda está para existir momento ou pessoa digna da minha tristeza real. Ou não.

Queria poder não confundir certas coisas. Hoje tive que abrir a janela para ver se eu não estava enlouquecendo. Está chovendo mesmo.
Mas quantas vezes eu não abri a janela para saber se eu não estava deixando passar algo ou alguém que valeria a pena chorar, por pensar que era só o meu coração dormente, mandando mensagens erradas para minha cabeça?

Todas as noites eu durmo tranqüila com o meu barulhinho de chuva nos ouvidos, mas hoje eu vou dormir em paz, de alguma forma. Por que eu tive forças para levantar, encostar o pé no chão frio e abrir a janela. Agora vou dormir sabendo que está chovendo, e que possivelmente, amanhã o sol secará o que molhou.


– Ully Stella 

domingo, 24 de outubro de 2010

Moro Onde Sempre Quis Morar

Eu não tenho filosofia: Tenho sentidos...
Se falo na natureza não é porque saiba o que ela é
Mas porque a amo, e amo-a por isso.
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...”
Alberto Caeiro (Heterónimo de Fernando Pessoa)



Dias cinzas; um tom tão cinza quanto o cinza que possui um céu cinza. Céu cinza vem acompanhado de vento forte, daqueles que levariam seus cabelos embora se não estivessem presos a raiz de sua cabeça, mas esses ventos levam embora algo que não vem presos no ser humano, a paciência de quem não esta em dia com a paz de espírito.

Mas eu? Eu não. O vento que leva sua paciência embora, é o mesmo que me trás pensamentos livres e tão leves que me fazem erguer a cabeça e tentar fitar a última folha da árvore mais alta. Pareço inerte, preguiçosa, interessada em mortes e bezerras, mas meu pensamento é ativo, viajante, peregrino.


Nunca chorei com novela, mas sorrio para todos os pássaros. Não quero a alienação fazendo parte de mim, mas a parte irônica, é que não se pode largar a televisão para olhar a lua, que os telespectadores apontariam como alienação.

Nessa sociedade, onde tudo é moda, tudo passa, onde não existe valores, alguém reparou que nenhum brinquedo satisfaz mas uma criança; nenhum giga byte satisfaz a rapidez que o jovem quer; nenhum prazer sexual ou alcoólico satisfaz a vida do adulto; nenhum remédio rejuvelhece o ancião.
E eu aqui mais confusa que as letras de Caetano, me arrisco em uma certeza, nesses opacos dias cinzas: Você não pode dizer que um prédio alto é lindo, se nunca parou embaixo de uma árvore e olhou para cima.


– Ully Stella 

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Te fez feliz ??

Quem mantém os mesmos princípios de anos até hoje, nunca amou (e digo isso com muita certeza!) e nunca foi amado.
Amar é colocar abaixo qualquer linha invisível de limite, não existe hora, local, ocasião ou roupa certa.
Um exemplo de princípio que as pessoas cismam em ter: “Eu nunca vou deixar de fazer nada por uma namorada(o)”. Ô bonito(a), pensa bem, nem que você amasse muito aquela pessoa, tivesse a certeza que ela te trás toda felicidade imposta pelo seu coração, e o que você jurou a si mesmo que nunca deixaria de fazer (a maioria das vezes, algo insignificante se comparado a um sentimento verdadeiro) sabendo que aquilo dali destruiria a sua relação ? Que raio de princípio é esse ? Se você já fez isso, assuma, você não amava aquele pobre ser!
Outro exemplo de princípio muuuuuito usado: “nenhum namorado(a) é maior que os meus melhores amigos”. Vo te fazer uma pergunta, com quem o seu papai vai conversar, as vezes até chorar pra contar os problemas do trabalho, os problemas com os filhos, contas .., seria com a sua mamãe ? né ?
Essa coisa toda de amizades eternas e princípios, morar com amigos, nunca baixar a cabeça pra mulher (homem) nenhum, funcionam muito bem quando se tem 14 anos, nenhuma preocupação na cabeça e uma vontade imensa de sair com todas as pessoas interessantes do mundo, (no caso de homens, a idade desse pensamento varia dos 14 aos 29 anos) se você já tem mais idade que isso e ainda pensa dessa forma, não se permitiu amar alguém verdadeiramente, construir um mundo com outra pessoa, calar tantos sonhos que eram base de sua vida toda até conhecer aquela pessoa. Acontece naturalmente, você não sente falta do passado, nem dos seus planos quando se ama, a única coisa de real valor é seu futuro com ela.
Eu mesma já jurei e ainda juro amizades/amores eternos, mas também já aceitei que metade deles já até acabaram !
Já jurei com a mão no coração e a outra na bíblia, na frente de um júri (exagero) na frente de todos que nunca ficaria com algum ex namorado de alguma amiga minha, mesmo se um dia nem falasse mas com ela... bem, encerrando esse assunto e pulando pra moral da história é que, mantenha sim a educação e ética que seus pais te ensinaram, mantenha sua moral o mais alto que você conseguir, mas no final se não conseguir e acabar fazendo algo acima dos seus preciosos princípios, te perguntarei : “Doeu?”, “foi bom?”, “te fez feliz?”, “fez?”, (risada) “viu?”

sábado, 16 de outubro de 2010

Otária


Esperança vazia, fé boba de uma menina mimada que inventa motivos para ir embora e sabe quantos minutos leva para irem correndo buscar. Bate o pé, diz “não”, xinga, magoa até a quem não queria. Diz por ai que ama sua paz e sua liberdade acima de tudo, e nunca parou para pensar que um dia iriam cansar, que um dia iriam lhe dar a “sua paz” e sua digníssima liberdade. Agora toma. Agora você têm, sua babaca! E ficar escrevendo sobre si mesma na terceira pessoa melhora em alguma coisa??? 

Pronto, agora você tem liberdade, tristeza, solidão e muita inspiração para escrever... Vai sobrar silêncio para se concentrar, OTÁRIA!!!



– Ully Stella 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

TOMA


Duas horas da manhã; abajour de luz verde aceso, frio, papel em branco, coração encolhido; pequenininho, sofrendo pela minha falta de atenção a ele.
Foi-se embora, saiu do meu coração e agora esta lá, se aliando a tudo que abomina, rezando em pensamento para que a ressaca de amanhã seja mais forte que a vontade de me ligar. E só o que eu conseguiria esboçar com dor no tom de voz é: - “eu sinto muito!” 


Sei que meu joelho vai doer de tanto orar por você, mesmo que consiga ser feliz, mesmo que esteja forçando esta felicidade, ainda vou estar orando por você. No fundo eu vou estar pedindo pelo que nos foi tirado, pelo lugar vazio que dói e reclama dentro da gente, igual fome.


Agora, toma, mesmo que vá jogar na primeira lixeira que encontrar, toma: Uma metade de mim, a metade que lhe cabe, a metade que eu mudei por você, a metade que é completamente tua, que não sabe ou nunca saberá o que fazer da vida sem você. A metade que agora sem uso, perde as forças e quase me entorta fazendo peso na outra metade que ainda resiste. Toma. Não se preocupa não, só vai fazer falta até eu inventar outra coisa para colocar no lugar. Você não tem escolha, é seu, mesmo sendo DE mim, é você!



– Ully Stella 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Entre Um Riso E Um Grito






“A esperança Dança
Na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar
Azar.
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar”
Elis Regina






Hoje minha sensação é de que se eu rir, vou rir tão alto que vou assustar todo mundo. Vai ser uma risada tão sarcástica, carregada de tanta tristeza que faria todos chorarem de medo. Porém, parece que se eu chorar e descarregar todo o ressentimento e desejos ruins que se alojaram dentro de mim, todos vão rir... e ainda soltar um daqueles: - "eu te avisei!" 
Aquela frase mesmo, que nos mata.


Minha vontade mesmo era ficar aqui, escrevendo textos deprimentes, com essa face bucólica e a boca aberta entre uma gargalhada e um grito.
O tempo é certo, mas injusto muita das vezes. Não quero esquecer minhas vitórias e nem as vezes que dei com a fuça no chão; os momentos ímpares, ou em pares; aqueles chorinhos antes de dormir, que dão até mais sono... Por que não é isso que nos faz ser o somos? O que é digno de ser lembrado e principalmente o que não é? Parece que não. O tempo leva até o que eu jurei lembrar, carrega minhas promessas, faz piada com elas; cura a cicatriz que eu me orgulharia de levar no corpo, estanca a dor e seca o chorinho antes que eu possa acordar. 


Mesmo querendo morrer, me mudar, ficar loira de blondon e agarrar o primeiro bonito que olhar a minha bunda, me basta a certeza da gargalhada que o tempo nos trás quando lembramos desses momentos, depois que deixamos ele fazer a parte dele. Não prolongarei minha discussão com o tempo, para que ele não me deixe morrer afogada com o chorinho que não secará de raiva. Vou fingir essa gargalhada alta, vou fingir até ter motivo para ter uma verdadeira.


– Ully Stella 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Diferença Notória

  Quando se é feliz, só conseguimos pensar em felicidade, em como é bom ser feliz. 

Quando se é triste, só conseguimos pensar em felicidade, em como é bom ser feliz.
Mas a diferença é notória, em uma você é a própria felicidade, na outra você inveja do outro, o que você não tem !



– Ully Stella 

Chuva No Lago

Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono. Tudo rindo seria cansativo. Mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida...” Quicas Borba: Machado de Assis



Eu? Eu quem?
Eu que tenho o menor e mais insignificante de todos os problemas do mundo? Eu que não abaixo a cabeça nem para enxergar a pedra que me faz tropeçar? Eu que já não conheço qual é a verdade entre realidade e o que eu inventei? Eu que, hoje me canso de me colocar como a melhor, sem reconhecimento, porque acreditei tanto que teria coisas na vida que eu nunca faria, acreditei que teria nomes e pessoas a honrar...


Usei de falsos princípios para esconder de todos, até de mim mesma, que nunca deixei de fazer nada por ninguém. Há muito que tranquei a moral que eu tenho com a vida, e perdi as chaves num desses becos escuros, sem saída, esses becos que a gente sabe que não deve nem entrar. Meus pecados não eram mortais, nem nenhum crime, mas o suficiente para eu já não possuir mas, aquela mão que se usa para bater.


Eu tenho tão poucos motivos para ser triste que arranjo de pequenos pretextos, como um pecado não julgado, para colocar um casaco em um dia de sol e me esconder atrás de casa com papel e lápis.
Minhas revoltas tem tanto efeito quanto chuva num lago; só volta de onde veio. Nuvem acumulada que molha a própria água, por não ter nenhum motivo para molhar outro lugar. Ciclo - chato e - infinito...


Mas não demora muito e lá vem o sol, para evaporar com as minhas lamúrias, regar de luz a parte escura da minha imaginação que cria texto feio.

Não tenho nenhum problema com o sol, a chuva, nem com o nublado. Meu problema é com a previsão. Tudo que é previsível é tedioso. Não existe céu azul com vento forte que me conforte ao tédio. Por isso me revolto com o objeto mais próximo de mim - eu mesma - e faço chover.


– Ully Stella