quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Prazer, me chamo Exagero.

“Ela ri, ela pula e canta, e assim a dor espanta, se fingindo Colombina. Me comove ver o pranto daquela pobre menina, que teve a má sina de se deixar conduzir.”
Cartola






E tudo que eu faça agora, vai parecer que é uma tentativa desesperada de esquecer de você. E não só parece.
O esmalte preto, o delineador borrado e todas essas infelicidades me cercando, deprimem quem quer ajudar, e eu sem saber diferenciar dor, de saudades, de amor, não sei o que responder à quem se preocupa. Abro um sorriso minguado e esboço, um “sei lá” porque eu realmente não sei. Não é agora que a tristeza me aflige que eu vou começar a ser falsa ou a mentir, eu só não sei como eu cheguei aqui, só não sei onde eu comecei a negar o que me fazia bem, e aceitei de bom grado o que eu julgava ruim, não sei como eu fui parar naquele lugar, com aquela pessoa, imitando o que eu fazia no meu lugar com o meu amado... Que já nem é mais meu; é dele mesmo.

Eu dei a liberdade que ele jurava não precisar, eu dei o que ele não queria; eu dei o que eu queria, agora não sei mais o que eu quero.
 As lagrimas são incapazes de sair do olho, embaçam a vista, fazem arder, constrói um albergue de sentimentos dentro de mim, pressiona e faz pressão sobre o meu peito, mas não caem.

Queria dar uma explicação ao mundo, queria dar uma explicação à mim mesma, queria poder subir em um palanque e assumir publicamente que errei, que a idéia inicial não era tão boa assim, mas todos sabem que já não dá mais. E essa sensação de sujeira incrustada  no meu corpo, das coisas que eu fiz tentando tirar você do campo de visão do meu pensamento, parece não sair com água quente nem gelada.

Forcei um choro inverso, como se água de olho pudesse se transformar em alegria...
Já modifiquei tantos momentos de desespero em motivos para ficar bem, mas parece que essa minha mágica acabou. Acabou porque eu tenho uma vontade besta de não entregar à ninguém o que é seu, uma vontade tão besta, parecida com a vontade que eu tenho de morar em cima da casa dos meus pais, uma vontade que é quase um medo, de tirar tuas fotos da minha parede, ou do telefone não tocar mais de madrugada.

Já vou sair dos meus 16 anos, e no fundo eu sei que vou continuar me maquiando, vou continuar com as roupas novas, saindo, procurando algo sem nome, sentindo aqueles cheiros, toques, timbres de voz, sorrisos e vontades maliciosas e eu vou continuar tendo nojo disso tudo... E vou continuar querendo não sair dos meus 16 anos, continuar prendendo choros, dizendo que não me arrependo do que fiz com a gente e comigo mesma, dizendo que foi bom enquanto durou, vou continuar fugindo, recomeçando e dando fim em coisas, e sofrendo com isso e escrevendo por isso... E vou continuar amando isso tudo.

Porque é só isso que eu sei fazer, exagerar tudo que já é suficiente.

– Ully Stella 

2 comentários:

  1. Não sei porque.. mas lembrei de uma musica lendo isso.. "Tudo é sempre a mesma coisa, o mesmo jeito, toda vez.."

    bjo
    ully

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  2. é incrivel essa irmandade , esse sangue invisivel que corre nas veias de nossa alma .. não sei explicação , mas sei que irmãs elas são . Tem tempo que não encontrava alguém tão parecida comigo e Deus colocou uma na vida da outra pra amadurecer o coração , pra ser suporte nos momentos dificeis ! enfim , to contigo e não abro .. te amo ALMA IRMÃ ♥

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