sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

9 Anos




Quando eu tinha nove anos, eu ia no orelhão com a minha melhor amiga e ligava pro menino que eu gostava, ele atendia, eu dizia: "eu te amo" e desligava.
Era a minha aventura, meu coração ficava acelerado por muito tempo, era o meu máximo.  Mas eu tinha nove anos...
Por isso não posso te perdoar amor, por ter tantos anos a mais na sua identidade, tantos anos a frente da minha cena de menina que sonhava com principes, e mesmo com todos esses anos, você tem hoje, o mesmo nível de coragem que eu tinha aos nove.
Você é o motivo que eu tenho de ser melhor, de ser maior, de ser... Com você ou por você. Não espero menos de você, do que algo que desperta todos os meus monstros, medos, desejos e duvidas. Você é a doença que evoluiu para imunidade em mim.
Quando andávamos de mãos dadas no escuro, tínhamos um ao outro pra desviar a atenção dos nossos medos. Era como se fechássemos nossos olhos enquanto conversávamos para disfarçar a tensão de caminhar no escuro. Era um conforto.
Depois da primeira vez que andei sozinha no escuro, me curei de quase todos esses medos compartilhados, porque tive o silêncio e o olhar atento pra prestar atenção aos detalhes do escuro.
Mas você andou tanto por esse mesmo caminho sozinho, e ainda mantinha os mesmos medos durante anos. Você não olhou atentamente pro breu, para as sombras, não ouviu o que o vento que diz coisas e que o silêncio é divino. Você corria como se seus medos fossem se materializar na sua frente e dizer “boo”.
 Nessas noites escuras que eu subo a rua sozinha, tão cumprida e vazia, tenho tempo de pensar e  listar meus medos, mas a página fica vazia. Mas desde a última vez que o telefone tocou, descobri um medo. O medo de ter me enganado. Enganado, o que eu fiz de você e o que você realmente é: só um menino de nove anos que corre no escuro de olhos fechados.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

X






“Quantos homens eram inverno
Outros verão...
Outonos caindo secos
No solo da minha mão”
Zé Ramalho






Confesso. Tua lábia conseguiu me envolver. Você tem 5 minutos à mais de conversa que os outros. E me faz sorrir mais vezes, mas irei cansar de ti até semana que vem. A vida te ensinou a ler as entrelinhas que toda mulher tem; as entrelinhas que os outros homens, para sempre auto-suficientes, acham que não precisam ler. Muitos morrem analfabetos por falta de paciência, ou não passam do colegial pela falta de compreensão de texto. Mas na minha matéria você foi reprovado. Talvez com outras professoras você tire nota dez, com sua tamanha delicadeza, e tantos elogios nessa narrativa fantástica. Mas, suas maças não me surpreendem. Vou aceita-las, come-las, digeri-las e esquecê-las. E você vai continuar me devendo nota.

Não se martirize. Se te conforta saber, não sou nem a metade de tudo que conheceu na vida. Sou diferente até para mim mesma. Não estou em nada que contenha um sentido próprio, uma cor definida. Inconstantemente diferente. Sou a matemática das mulheres. Te intrigo, te faço pensar, te confundo com tanto “x”, e se não tiveres a paciência de me resolver, vai entender porque me chamo problema.

Desista! É mais fácil; e mais seguro, te apoio nessa decisão. Se eu pudesse também iria embora de mim. Vá embora, e encontre na próxima esquina, alguém mais fácil, com menos nós, que pense menos, que tenha menos argumentos. Alguém menos. Não se martirize de novo, por não conseguir ficar com alguém que é muito, e ter que procurar alguém menos, porque ela com certeza vai ter peitos maiores, e isso com certeza vai fazer você repensar em deixá-la na primeira falta de assunto.

Você não sabe o que esta tocando. A bússola do seu instinto fica rodando sem parar quando esta perto de mim. Dá pra ver na tua cara de desespero. Não se arrisque!
Tente outra faculdade, conta pro seu pai, chora pra sua mãe, me denuncie, fale mal de mim pros seus amigos, me xingue. Ou volte e me surpreenda. Mas tenho que te avisar: O único que passou na minha matéria chorou e implorou para eu não passá-lo para o próximo ano; sem mim. Mas eu tinha que seguir adiante. Alunos vão... alunos vem...


– Ully Stella 



sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Tudo Errado


Eu não deveria pensar na tua rosa quando me dão outras rosas que não vieram do teu jardim. Tão pouco de tua mão. Não existe fundamento para nenhum dos pretextos que tenho pra pensar em ti, e isso me consome à noite que deveria ser de silêncio, destinado à sonhos. Todo dia de manhã o sol nasce e eu me prometo, me loto de promessas, de novos começos. E você todo dia me acorda lembrando do quanto eu me sentia completa voltando pra casa com a sua rosa vermelha na mão, que destacava na minha roupa p&b, fazendo todos considerarem o motivo de tamanha felicidade.

Suas rosas eram de tempo curto, sem caules para por na água e muito mal cultivadas. Na verdade, suas rosas já passaram do estágio de curto tempo na minha vida, devo lembrá-las todos os dias. E mesmo sem caule para por em água, flutua viva na água dos olhos. Dos meus olhos. E você não soube cultivá-las no seu jardim mesmo, é quase um milagre elas terem existido. Mas você se cultivou em mim como planta no deserto. Era óbvio que não cresceria. Local infértil. Errou feio, boy!

Hoje, junto com os meus novos começos e promessas, faço pesquisas de campo também. Pra saber ao certo de qual solo pertenço. Já que, depois do surgimento de vegetações estranhas, descobri que só de pura areia quente e sem solução, eu não era feita.


– Ully Stella


 "Em paz. Eu digo que eu sou o antigo do que vai adiante. Sem mais."

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Bendito Sejas

E quando eu dou dois passos em direção ao pecado, sinto minha alma dando dez passos pra trás.
Instintivamente olho pro alto e sorrio. É o Espírito Santo me empatando de novo!


– Ully Stella

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

SOBREVIVA!






“Levando em frente
um coração dependente
Viciado em amar errado
Crente que o que ele sente é sagrado
É tudo uma piada!” Cazuza











Deveríamos nos conhecer a no mínimo, anos, porque é tanto passado nessa nossa história, tanta ilusão, tanto assunto mal resolvido, que me canso de ti sem te conhecer muito mais do que esse teu cheiro doce que não sai de dentro do meu nariz. Ou seria um cheiro forte dentro de uma doce lembrança?

Quase nunca penso ser cedo, quando assim penso, é porque já não quero tanto, por isso me faço de moça com medo das “desvirgindades” da vida. Te quero, e mesmo assim estou eu aqui nesse lugar de moça adorável, tendo a certeza que se te mostrar quem sou, te cegaria, te confundiria com tantas informações. E se você sobrevivesse ao susto de me ver tal como sou, ainda enfrentaríamos leões, escorpiões e aquários para enfim dizer: -sobrevivemos !
Me deito e tenho preguiça de pensar em ti, “acaricio” o passado como quem passa a mão na película d’água, bem mansamente e triste, enquanto receio o futuro mas o encaro com um olhar de cavalo brabo pronto a dar pinotes. (sempre pronta a dar pinotes)
Nossa história é muito antiga pra algo tão cheirando a novo como a gente, é muita carga nesse nosso caminhão que nem tivemos a coragem de sair da primeira marcha... Mas baby, não vou fugir de ti, não é do meu feitio –finja pelo menos que não seja­– mas o que me ofereces é indigno e odioso, à quem olhar. E mesmo me conhecendo pouco deves saber que gosto da emoção de não saber e mesmo assim caminhar. Estar contigo é como tapar os olhos, rodar o dedo e apontar o filme que vou assistir cegamente, sabendo que só um dos oito filmes em cartaz é o que me interessa. Mas de alguma forma, me conforta saber que perdendo ou ganhando, com pipoca ou com doritos, se esse filme for ruim, é o seu cheiro que vou sentir quando tapar os olhos ao filme e ter você ao meu lado para beijar.­


– Ully Stella

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

De Encontro ao Inesperado



"Você se arrumou toda e saiu nesse calor desumano carioca, com o seu melhor perfume, o cabelo perfeito, um decote envolvente mas no estilo de sempre. No final da festa, você toda acabada, com o cabelo preso, a maquiagem borrada, porque já passou a mão em tudo, se confundiram suor com base, e foi tudo pingando por ai enquanto dançava, o perfume esta dentro dos narizes que elogiaram o seu perfume, esta no ar, esta nos abraços que você deu, menos em você, sua roupa grudando no corpo e algum imbecil pisou no seu sapato e o sujou.
Um telefonema muda seu rumo e você sempre à favor do acaso, vai de encontro ao inesperado, sem nada à cobrar. Você lava o rosto, refresca a alma, fica limpa, mas sabe que o encanto desceu no ralo. É então que ele te puxa e segura bem forte, com aquele braço tão forte, bem pertinho de você, a centímetros do seu rosto, da sua alma, recentemente refrescada, te olhando profundamente por segundos intermináveis e você se sentindo um monstrinho, amando o momento mas querendo lançá-lo a 1km longe pra ele não continuar vendo suas imperfeições, ai ele com uma voz de quem não perderia nem ganharia nada sendo sincero, diz: “Meu Deus, você é linda!"
Você sorri e tranca o olho mas só vê clarão, porque esqueceu da vida, do calor do Rio de Janeiro, das cantadas escrotas que recebeu, esqueceu do seu passado, o que faria no futuro, e de todos os outros homens bem definidos que já quis na vida, nem lembra mais porque se arrumou tanto... e só restou luz."
- Porque eu to contando isso na segunda pessoa do singular ?
Porque eu jamais me deixaria enganar assim tão fácil, com tão pouco, DEÊM "CTRL C" NO QUE EU 'TÔ' ESCREVENDO, jamaaaais!
(Hahaha)
Casa comigo moço ?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Mão Grande

O teu olhar me encorajava a não desanimar da vida.
E juntos, seguimos atados pela estrada,
Que é feita de sonhos,
De tristezas e risos.” Fábio de Melo
















Hoje vi meu santo triste, nem nosso abraço saltitante imitando uma mãe e seu filhote canguru (depois de tanto tempo) foi capaz de aliviar a tensão daqueles ombros grandes, pra ele enfim, me dar aquele sorriso alto em altura e expansão...
Vivemos lendo frases feitas, e fingimos que as entendemos, claro, somos seres completamente capazes de total entendimento, ai de quem não entenda, mas sentir? (Não foi atoa o nome do blog) A “sensação do sentir”, é inexplicável, inelegível, ou qualquer palavra complicada que acabe com ‘vel’ que possa existir: "(...) O sorriso de quem sofre é ainda mais lindo, pois além de sofrer têm a capacidadede sorrir"
Seu sorriso nunca enganaria a ninguém, e talvez nem fosse a sua intenção enganar. Mas bastou pro meu coração. Já basta as penas de ser quem você é. Qualquer um no seu lugar de santo, surtaria, sem pensar nos males que suas atitudes fariam aos outros e a si mesmo, mas o santo não, o santo chora à noite até cansar e dormir, acorda no outro dia e trabalha, e reza, e pensa no futuro, e vai estudar, e quer ser, e quer, e quer e sofre, ainda arranja espaço pra ser lindo e encantador, mas não para, quando todos já estariam em coma ou não sairiam da cama.
Santo, eu pequei: menti pra ti. Menti quando disse que estava bem, tenho chorado demais... Mas quando vi que além de tudo que te atropelava na vida, você ainda tinha a preocupação de saber se eu estava bem, é como se todos os meus míseros problemas caíssem por terra, e fossem sugados, tão frágeis que eram, como água de chuva em terra seca. E agora sou feliz, porque sim, porque eu tenho quem pergunte. Porque eu acabei acreditando que valia à pena viver, quando você me abriu os braços e me abraçou por um eterno quase minuto, porque me sinto importante segurando a sua mão tão grande...
Em quanto todos me odiavam sem por que, você me amou sem um por que, fui um dos seus propósitos de vida. Qualquer um é capaz de dar uma amizade, o que você fez por mim, ainda não tem nome, ou sentido próprio, ainda não escreveram em livros de romance, nem colocaram em longa metragem, é nosso. Por isso sei que se morresse hoje (Deus que nos livre e guarde!) não tem outro lugar pra ti, meu santo, é o céu, ao lado dele, sem prévias cogitações de outro lugar mais frio ou mais quente, porque o que tu fazes por mim, ninguém mas faria, ou se arriscaria por alguém tão despreocupado e inconstante. Pois o papel dos santos não é esse? Interceder à Deus por quem lhe pede? Pois então, te canonizo! Santo Rodrigo, defensor das causas impossíveis, ou das Ullys impossíveis ou das causas impossíveis da Ully (desde uma antiga carta). Se antes eu quase precisava de você, hoje se assustaria com a quantidade de espaço que tem de você em mim, jamais se sentiria sufocado!

Entendi o verdadeiro sentido de amar, quando quis suprir e sentir as dores de alguém, pra que ele não as sentisse. Entendi que nada do que eu ja fiz no mundo, foi mais importante do que você me conceder a mão naquele momento.
Te amo, meu grandiosíssimo melhor amigo, e confesso que me senti impotente a, depois de tudo, te servir só com um abraço e um “Vai passar”.

Para: Rodrigo Medeiros

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Teto de Expectativas

Eis aqui um que não fará grande carreira no mundo, por menos que as emoções o dominem.” – Dom Casmurro: Machado de Assis



Escutei outra voz chamando meu nome e por alguns minutos esqueci qual o seu. Não soube se as borboletas do meu estômago estavam de volta, por alegria ou por pura tristeza de saberem que você estava enfim, sumindo de mim. Só tinha uma certeza, que era a hora de parar de me negar por medo de te esquecer, ou do que iria pensar. 
O novo tem uma vantagem sobre o velho, uma vantagem absurdamente maior: As expectativas que tenho dele.
Toda expectativa é melhor do que a realidade. A realidade do antigo, eu amava com todo resto de sanidade que me sobrou; e ainda além. Amava tudo que nele continha, até o que lhe faltava. 

Mas a expectativa do novo é pura loucura, é água na boca, é sentir prazer de tanto imaginar o que uma pessoa nova na sua vida pode lhe causar. Se pararem pra analisar, depois de um tempo, tudo que acontece no início de alguma coisa, era melhor. Muitas das vezes não é porque foi de verdade melhor, e sim porque estávamos transbordando de expectativas para o futuro. A expectativa brilha, é alegre, colorida e tem cheiro de carro novo. Mas sabemos, estamos cansados de saber que nada É o que a gente pensa/quer. Normalmente, não seria um conselho bom a ser dado, criar expectativas é - em qualquer circunstância - fatal e doloroso.

 Tenho consciência que o novo não vai ser nem a metade do que eu quero, nem a terça parte do que um dia eu amei (amo... mas deixa entre parênteses, porque ninguém liga pro que esta entre parênteses), mas hoje, só hoje, vou me permitir fantasiar, até enjoar, porque estou cansada de me submeter a realidade de um desejo em vão. Vou sim me decepcionar, vou sofrer com os defeitos, vou chorar, porque afinal, estarei chorarando pelo que eu quero, não por saudade do que deixei morrer.

Quero e preciso desse gosto de desconhecido amargando a minha boca e explodindo na minha mente. Grito histérica por dentro, me desespero como uma fã louca, para encostar e sentir a textura do que eu não conheço, mas amo, porque mora na minha mente, numa casa de paredes de fantasias com um teto de expectativas.

Mas, mesmo assim, vou continuar só. Pode até ser que um dia eu vá conhecer tão bem alguém quanto eu conhecia o meu amado, pode até ser que eu deixe que alguém me conheça tão completa como me deixei ser conhecida por ele, mas até lá vou continuar só, porque é informação demais conhecer por completo duas pessoas, e ainda termos que viver a nossa vida. Ainda não quero que a minha palavra “amado” troque de sujeito. Por isso vou continuar fantasiando, quieta como uma expectadora  vendo o seu seriado favorito até saber que o mocinho morre no final e eu tenho que trocar de seriado. Vou "amar", desamar e depois matar quantos mocinhos forem, mas quero meu amado sujeito aqui no meu coração. Xôôô borboletas, antes que eu vomite!


– Ully Stella 


(E tem coisa melhor do que começar o ano com uma casa cheia de expectativas???)