terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Teto de Expectativas

Eis aqui um que não fará grande carreira no mundo, por menos que as emoções o dominem.” – Dom Casmurro: Machado de Assis



Escutei outra voz chamando meu nome e por alguns minutos esqueci qual o seu. Não soube se as borboletas do meu estômago estavam de volta, por alegria ou por pura tristeza de saberem que você estava enfim, sumindo de mim. Só tinha uma certeza, que era a hora de parar de me negar por medo de te esquecer, ou do que iria pensar. 
O novo tem uma vantagem sobre o velho, uma vantagem absurdamente maior: As expectativas que tenho dele.
Toda expectativa é melhor do que a realidade. A realidade do antigo, eu amava com todo resto de sanidade que me sobrou; e ainda além. Amava tudo que nele continha, até o que lhe faltava. 

Mas a expectativa do novo é pura loucura, é água na boca, é sentir prazer de tanto imaginar o que uma pessoa nova na sua vida pode lhe causar. Se pararem pra analisar, depois de um tempo, tudo que acontece no início de alguma coisa, era melhor. Muitas das vezes não é porque foi de verdade melhor, e sim porque estávamos transbordando de expectativas para o futuro. A expectativa brilha, é alegre, colorida e tem cheiro de carro novo. Mas sabemos, estamos cansados de saber que nada É o que a gente pensa/quer. Normalmente, não seria um conselho bom a ser dado, criar expectativas é - em qualquer circunstância - fatal e doloroso.

 Tenho consciência que o novo não vai ser nem a metade do que eu quero, nem a terça parte do que um dia eu amei (amo... mas deixa entre parênteses, porque ninguém liga pro que esta entre parênteses), mas hoje, só hoje, vou me permitir fantasiar, até enjoar, porque estou cansada de me submeter a realidade de um desejo em vão. Vou sim me decepcionar, vou sofrer com os defeitos, vou chorar, porque afinal, estarei chorarando pelo que eu quero, não por saudade do que deixei morrer.

Quero e preciso desse gosto de desconhecido amargando a minha boca e explodindo na minha mente. Grito histérica por dentro, me desespero como uma fã louca, para encostar e sentir a textura do que eu não conheço, mas amo, porque mora na minha mente, numa casa de paredes de fantasias com um teto de expectativas.

Mas, mesmo assim, vou continuar só. Pode até ser que um dia eu vá conhecer tão bem alguém quanto eu conhecia o meu amado, pode até ser que eu deixe que alguém me conheça tão completa como me deixei ser conhecida por ele, mas até lá vou continuar só, porque é informação demais conhecer por completo duas pessoas, e ainda termos que viver a nossa vida. Ainda não quero que a minha palavra “amado” troque de sujeito. Por isso vou continuar fantasiando, quieta como uma expectadora  vendo o seu seriado favorito até saber que o mocinho morre no final e eu tenho que trocar de seriado. Vou "amar", desamar e depois matar quantos mocinhos forem, mas quero meu amado sujeito aqui no meu coração. Xôôô borboletas, antes que eu vomite!


– Ully Stella 


(E tem coisa melhor do que começar o ano com uma casa cheia de expectativas???)

 

2 comentários:

  1. " como uma expectadora vendo o seu programa favorito até saber que o mocinho morre no final e eu tenho que trocar de seriado." que lindo menina! Fantasia, quereres, expectativas...sempre nos inundando de inspiração não é?
    Vim conhecer seu espaço e gostei! :)

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