segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

X






“Quantos homens eram inverno
Outros verão...
Outonos caindo secos
No solo da minha mão”
Zé Ramalho






Confesso. Tua lábia conseguiu me envolver. Você tem 5 minutos à mais de conversa que os outros. E me faz sorrir mais vezes, mas irei cansar de ti até semana que vem. A vida te ensinou a ler as entrelinhas que toda mulher tem; as entrelinhas que os outros homens, para sempre auto-suficientes, acham que não precisam ler. Muitos morrem analfabetos por falta de paciência, ou não passam do colegial pela falta de compreensão de texto. Mas na minha matéria você foi reprovado. Talvez com outras professoras você tire nota dez, com sua tamanha delicadeza, e tantos elogios nessa narrativa fantástica. Mas, suas maças não me surpreendem. Vou aceita-las, come-las, digeri-las e esquecê-las. E você vai continuar me devendo nota.

Não se martirize. Se te conforta saber, não sou nem a metade de tudo que conheceu na vida. Sou diferente até para mim mesma. Não estou em nada que contenha um sentido próprio, uma cor definida. Inconstantemente diferente. Sou a matemática das mulheres. Te intrigo, te faço pensar, te confundo com tanto “x”, e se não tiveres a paciência de me resolver, vai entender porque me chamo problema.

Desista! É mais fácil; e mais seguro, te apoio nessa decisão. Se eu pudesse também iria embora de mim. Vá embora, e encontre na próxima esquina, alguém mais fácil, com menos nós, que pense menos, que tenha menos argumentos. Alguém menos. Não se martirize de novo, por não conseguir ficar com alguém que é muito, e ter que procurar alguém menos, porque ela com certeza vai ter peitos maiores, e isso com certeza vai fazer você repensar em deixá-la na primeira falta de assunto.

Você não sabe o que esta tocando. A bússola do seu instinto fica rodando sem parar quando esta perto de mim. Dá pra ver na tua cara de desespero. Não se arrisque!
Tente outra faculdade, conta pro seu pai, chora pra sua mãe, me denuncie, fale mal de mim pros seus amigos, me xingue. Ou volte e me surpreenda. Mas tenho que te avisar: O único que passou na minha matéria chorou e implorou para eu não passá-lo para o próximo ano; sem mim. Mas eu tinha que seguir adiante. Alunos vão... alunos vem...


– Ully Stella 



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