quinta-feira, 31 de março de 2011

Tchau Solidão!


Eu e a solidão nos tornamos uma recíproca. Apertava a mão dela quando subia a rua no escuro, nos embriagávamos e brigávamos no final de todas as noites, conversávamos sobre tudo e ainda dividíamos o mesmo gosto para homens, para depois rirmos da cara dos coitados que tentavam nos entender. A verdade é que descobri que funcionava melhor sozinha, faço um par perfeito comigo mesma. Mas ainda sentia estar bem longe de fazer uso da palavra "satisfação". 
Depois de mais um tempo nessa correria voraz, atrás de algo que ainda nem sabia o que era, consumida por esse desejo sem nome... inevitavelmente tive sede, me senti com fome, cansada... Precisava de uma massagem! Falei isso pra solidão, que de imediato, deu uma gargalhada sarcástica e disse:

Solidão: "A única coisa que tem pra beber, é aquele bonito que você odiou o beijo, não gostou do cheiro, nem do sabor... Ele é a figura fiel da água insípida e inodora, mas que ao contrário da água, jamais vai matar a sua sede!  Pra comer, tem aquele você também não gosta do beijo... aquele que mente pra você e só quer estar contigo pra mostrar pros amigos.
Você pode descansar o corpo naquela cama confortável, mas só o corpo... porque você sabe que o dono daquela cama confortável, não deixa sua mente confortável, quanto menos descansada... Te cansa mesmo depois de uma noite longa de sono ... E uma massagem ? Por favor Ully... eu não tenho nem coração... como esperaria ter mãos ?
Você é muito exigente. Preciso de férias!"

Eu: "Sou exigente, mas tentei! Depois dessas tentativas frustradas, presumo que só tenho você agora. E você sabe que o meu orgulho é um monstro inconsciente, incapaz de me deixar voltar atrás nas minhas escolhas... Eu só tenho você, essa sede, essa fome e esse cansaço..."

Solidão:  "Tenta lembrar do beijo que você mais gostou na vida... vai lá e beija de novo, de preferência na chuva, como vocês gostavam... Isso vai matar a sua sede!
Lembra do cara mais lindo que você ja viu e tocou no mundo... Vai lá olhar aqueles olhos grandes e castanhos bem de pertinho de novo, sente o cheiro da respiração dele, e aquele sabor divino que ele tem. Isso vai matar a sua fome, acompanhado com o macarrão delicioso que ele sabe fazer.
Agora, lembra daqueles ombros largos que você deitava... daquele braço que guardou você de Lua pra sempre, mesmo sem ter a certeza de que teria você nesse mesmo "pra sempre"... Lembra daquele peitoral sem pêlos, aquele corpo grande e rígido que você abraçava, e do quão era fácil se encaixar nele e dormir, talvez, por dias na mesma posição... Volta lá e se arranja naquela cama pequena de novo, por que lá você consegue sonhar e isso com certeza, vai tirar esse cansaço.
Aliás, quando você disser pra ele que está cansada, ele vai se oferecer pra fazer uma massagem... aquela... a melhor que ja te fizeram..."

Eu: "Você falou isso tudo da mesma pessoa..."

Solidão: "É, eu sei...
Foi bom te conhecer, crescemos muito, juntas, vou levar ótimas lembranças... Mas, me responde uma coisa: Porque mesmo ainda precisa de mim?"


– Ully Stella

quarta-feira, 23 de março de 2011

Coração de Elefante


É normal do ser humano, estranhar alguma coisa diferente aos seus olhos. Se eu for pensar realmente assim, até eu serei estranha à mim mesma - se ja não sou... mas não comento, pra não me deixar triste -.
Entro na vida das pessoas com a cautela de um elefante dentro de casa. Não é por querer que deixo bagunçado por onde passo. Alguns vasos quebrados e memórias que talvez nem me aflijam depois, mas que, com certeza, irá marcar o dono da casa. Desculpa, é que eu sou grande!
E por ser assim, se tornou também normal, que esperassem muito de mim. Mas depois de muito rastro de destruição, resolvi tentar adequar minha irreverência elevada a esse mundo que fede a gente comum. Juro, até tento passar despercebida, quem sabe um dia ser pequena - mais uma - mas tentem entender: A impossibilidade me liga todo dia... e quando eu não a atendo, ela me manda sms, mensagens no facebook, e-mails com spam...
Não sei exatamente o que me fez crescer tanto. De vez em quando, lembro que tenho motivos pra mudar o mundo, pra me tornar presidente, pra chorar a vida inteira... pra matar alguém. Não mexo muito na minha memória, tenho certo receio do bilhete na embalagem, com letras rabiscadas dizendo que o conteúdo é altamente inflamável e que é pra ficar longe do alcance das crianças. Acho que quem escreveu, escreveu correndo, com pressa de ir embora, talvez com medo. Resolvi então, não ter idade pra mexer nela.
Se sou grande, se sou múltipla, é pra um dia eu ter o poder de escolher mudar. Mas por enquanto, não espere que eu engula palavras, que eu atenda o telefone, que eu lave a louça, ou pare de quebrar as coisas. Não espere. Mas confia, tenta confiar. Meu coração cresceu na mesma proporção que eu cresci, ele é maior que o de todos, e esse coração, te garanto, não esquece!

– Ully Stella

segunda-feira, 21 de março de 2011

Bate-Bate



Ele tem sede de mim! Ninguém nunca foi tão claro comigo, nem eu, tão clara com alguém... E continuamos dentro desse brinquedo de parque de diversões... Cada um em seu carro "possante", dando voltas e batendo um de frente com o outro, dando gargalhadas intensas... mas, ja chega, não ? Esse cercado é muito pequeno pra gente, e esse carro nunca vai acabar a gasolina. Vai de acordo com a nossa vontade, e a minha, continua sendo brutalmente, diferente da sua.
E volto aqui a escrever sobre alguém que extrapola as minhas expectativas sempre... Volto aqui pra escrever sobre a pessoa que mais gosta de ler as bobagens que escrevo e que mais se orgulharia de ser alvo das minhas palavras, ou de algum tempo que eu perdesse pensando nele. Volto aqui, numa tentiva desesperada que ele leia mais de 100 vezes, como ele faz com outros textos, até que entenda qual é o papel dele nessa louca narrativa que tenho a sorte de chamar de minha vida.
Esperneie senhor, chore, mas mesmo que me xingue, me violente, me denuncie ou não, saiba que você tem como pertence pessoal minha gratidão eterna, uma amizade eterna. Não adianta mas me tratar mal, me ignorar, parar de me ligar... no dia em que de verdade precisar, não tenha duvidas, esse seu parceiro aqui vai estar pra te ajudar! E você, senhor, com tantos anos à mais que eu, deveria de fato, se envergonhar! De por tão pouco, ir deixando esvair uma pessoa que gosta tanto da sua companhia.
O que são as suas vontades, comparadas aos nossos momentos ? Te respondo: NADA! Nem a minha vontade de gritar na sua cara que você de adulto não tem nada, que nem eu seria tão chorona por perder alguma coisa que eu queria muito.
Mas vou te contar uma coisa: Não podemos perder o que não tínhamos. Perder mesmo, é o que vai acontecer com você se um dia eu parar de precionar o acelerador do meu carrinho bate-bate e ir embora. Não me atropele! Porque você não vai conseguir me matar com um carrinho bate-bate. Me aceite. Aceita a gente. Sim, porque existe "a gente". E se você aceitar, compro outros tickets e pra gente ir em outros brinquedos... ainda tem muita merda pra gente fazer, muita praia pra conhecer, muita música californiana pra ouvir e muita mulher pra eu te ajudar a pegar...
- Me aceita como sua legítima amiga ?

– Ully Stella

segunda-feira, 14 de março de 2011

Jeito Errado De Fazer Certo.

Não aceito papel de má. E boazinha é um apelido quase feio. Fico no meio termo. A virtude não me atrapalha e o improvável sempre me aceita.” Ju Fuzzeto


Não sei exatamente quando dei início a essa catástrofe, nada natural, que me tornei. Essa versão errada de garota certa, que derrapa em pista seca, de bicicleta e em alta velocidade. Não sei da onde veio essa mania de ser destemida, de seguir trilhas sozinha, me guiando por borboletas e pela vontade de chagar ao mar. Desprezei os professores da vida, que entraram nela com muita vontade de me ensinar. Quero mesmo é descobrir! Sem regras, objeções ou mapas. Se opnar sem eu pedir, aguente as consequências. Se apostar em mim e perder, não chore. Não faça o que eu peço, nem tenha medo da minha reação ao não fazer o que eu peço... Tenho desvaneios frequentes que me levam a fazer sempre o contrário, que me levam a chegar de manhã e ter resfriado. Com a transgressão de uma bandida, a intuição de uma ameba e os sentidos de um rato que é um experimento e nem sabe.
Sei que um dia terei de parar, parar e aceitar, que todo mundo precisa ter medo, todo mundo precisa de alguém, que ninguém é sozinho, carente e indeciso para sempre, e que eu também sou capaz de chorar. Parar de revolucionar minha vida uma ou duas vezes por semana, de reagir contra os ditadores que eu acho que existem. Porque se estou nessa cadeia ilusória, nesse cárcere privado, estou porque me permiti, porque sou violentada de idéias e pensamentos que transbordam o que não deveria nem estar cheio.
Se algo me assombra nessa vida, são essas milhares de teorias que me fazem acreditar que eu não tenho motivos para ser errada, que devo ser o oposto disso tudo que sou. - Tudo que sou? - Acredito que deve habitar em mim, alguma vontade de ser certa, devo até saber como se faz, mas me incomoda a idéia de não saber o que é errado. Ai errei, erro, errarei. A maioria das pessoas erram tendo como objetivo acertar, certo? Me resumo então, sem objetivos. Mas tentarei (não por mim).
E se um dia eu chegar a ser, de fato, certa, serei enfim, bipolar.

– Ully Stella