domingo, 31 de outubro de 2010

'For' Mim




Ele não tem absolutamente nada do que eu queria ter na minha vida. Mas seus cabelos são lindos, sedosos e delicadamente cacheados. Tem um sorriso que eu reconheço de longe. E seus olhos cor linda (não tem cor certa, por isso, o nome o chamo de "cor linda"), causam o caos a minha mente; gaguejo, erro, esqueço o português... Esqueço até quem eu era antes de começar a conversar com ele. 

É tão angelical que parece que eu não posso tocar com as minhas mãos sujas. Penso que vou sujar, quebrar, amassar, não mereço; Mas quero.
Ele não encaixa no padrão masculino ‘for’ Ully Stella, mas o-queria para mim, numa lista que só estivesse o nome ele.

Vamos fingir que eu não fui ao salão fazer cabelo, sobrancelha  e pintei as unhas de vermelho por que eu ia te ver.
Vamos fingir que eu não paguei 1 hora a mais no pilates, fiz a isometria corretamente e não roubei nos exercícios por que eu ia te ver hoje. Vamos fingir que esse ‘decotizinho’ simples e dedutivo não é para você. Finja que eu não mantenho a boca entreaberta para mostrar que é maior do que já é.

Finja porque afinal, tua beleza é a irmã obediente do teu ego, e ele nunca deixaria você pensar que eu me arrumei toda desse jeito e não foi para você. Finja porque é a forma mais fácil de você atingir a verdade. 
A verdade ? A verdade é que nada disso é para você mesmo não, nem nunca foi pra ninguém. Isso tudo é para mim mesma, para ver você sendo praticamente obrigado a perguntar “porque tão linda ?” 
Fiz pra ver o brilho nos seus olhos fazendo par com o brilho do meu cabelo recentemente hidratado, fiz porque você é um dos motivos para me sentir bem, me sentir mulher, me sentir viva. E quer saber, você não foi o primeiro a falar que eu estou linda hoje...


– Ully Stella 



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Abra A Janela



A dúvida é autora das insônias mais cruéis”
Nelson Rodrigues









Todo dia antes de dormir escuto barulho de chuva.
Não importa o que eu faça, os desejos que eu realize, orações que eu faça... Toda noite eu volto para o mesmo lugar, volto a ser a mesma solitária. Toda noite divido a cama com 2 horas de insônia, nariz escorrendo, olhos vermelhos e ardidos,  pensamentos e pensamentos... e o meu barulhinho de chuva nos ouvidos.

Não sei em que parte da vida expulsei o choro e a tristeza da minha vida, os proibi de aparecer do meu lado em foto, de serem meus amigos. Sou quase que incapacitada de assumir meus males. As lágrimas tem medo de mim, escorrem correndo, para que eu não as veja. De manhã o rosto esta seco.

Julgo a tristeza um dos sentimentos mais dignos de serem vividos. Já vivi momentos que antes de acontecerem, pré julgava como momentos que não iria suportar. Suportei. E ainda está para existir momento ou pessoa digna da minha tristeza real. Ou não.

Queria poder não confundir certas coisas. Hoje tive que abrir a janela para ver se eu não estava enlouquecendo. Está chovendo mesmo.
Mas quantas vezes eu não abri a janela para saber se eu não estava deixando passar algo ou alguém que valeria a pena chorar, por pensar que era só o meu coração dormente, mandando mensagens erradas para minha cabeça?

Todas as noites eu durmo tranqüila com o meu barulhinho de chuva nos ouvidos, mas hoje eu vou dormir em paz, de alguma forma. Por que eu tive forças para levantar, encostar o pé no chão frio e abrir a janela. Agora vou dormir sabendo que está chovendo, e que possivelmente, amanhã o sol secará o que molhou.


– Ully Stella 

domingo, 24 de outubro de 2010

Moro Onde Sempre Quis Morar

Eu não tenho filosofia: Tenho sentidos...
Se falo na natureza não é porque saiba o que ela é
Mas porque a amo, e amo-a por isso.
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...”
Alberto Caeiro (Heterónimo de Fernando Pessoa)



Dias cinzas; um tom tão cinza quanto o cinza que possui um céu cinza. Céu cinza vem acompanhado de vento forte, daqueles que levariam seus cabelos embora se não estivessem presos a raiz de sua cabeça, mas esses ventos levam embora algo que não vem presos no ser humano, a paciência de quem não esta em dia com a paz de espírito.

Mas eu? Eu não. O vento que leva sua paciência embora, é o mesmo que me trás pensamentos livres e tão leves que me fazem erguer a cabeça e tentar fitar a última folha da árvore mais alta. Pareço inerte, preguiçosa, interessada em mortes e bezerras, mas meu pensamento é ativo, viajante, peregrino.


Nunca chorei com novela, mas sorrio para todos os pássaros. Não quero a alienação fazendo parte de mim, mas a parte irônica, é que não se pode largar a televisão para olhar a lua, que os telespectadores apontariam como alienação.

Nessa sociedade, onde tudo é moda, tudo passa, onde não existe valores, alguém reparou que nenhum brinquedo satisfaz mas uma criança; nenhum giga byte satisfaz a rapidez que o jovem quer; nenhum prazer sexual ou alcoólico satisfaz a vida do adulto; nenhum remédio rejuvelhece o ancião.
E eu aqui mais confusa que as letras de Caetano, me arrisco em uma certeza, nesses opacos dias cinzas: Você não pode dizer que um prédio alto é lindo, se nunca parou embaixo de uma árvore e olhou para cima.


– Ully Stella 

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Te fez feliz ??

Quem mantém os mesmos princípios de anos até hoje, nunca amou (e digo isso com muita certeza!) e nunca foi amado.
Amar é colocar abaixo qualquer linha invisível de limite, não existe hora, local, ocasião ou roupa certa.
Um exemplo de princípio que as pessoas cismam em ter: “Eu nunca vou deixar de fazer nada por uma namorada(o)”. Ô bonito(a), pensa bem, nem que você amasse muito aquela pessoa, tivesse a certeza que ela te trás toda felicidade imposta pelo seu coração, e o que você jurou a si mesmo que nunca deixaria de fazer (a maioria das vezes, algo insignificante se comparado a um sentimento verdadeiro) sabendo que aquilo dali destruiria a sua relação ? Que raio de princípio é esse ? Se você já fez isso, assuma, você não amava aquele pobre ser!
Outro exemplo de princípio muuuuuito usado: “nenhum namorado(a) é maior que os meus melhores amigos”. Vo te fazer uma pergunta, com quem o seu papai vai conversar, as vezes até chorar pra contar os problemas do trabalho, os problemas com os filhos, contas .., seria com a sua mamãe ? né ?
Essa coisa toda de amizades eternas e princípios, morar com amigos, nunca baixar a cabeça pra mulher (homem) nenhum, funcionam muito bem quando se tem 14 anos, nenhuma preocupação na cabeça e uma vontade imensa de sair com todas as pessoas interessantes do mundo, (no caso de homens, a idade desse pensamento varia dos 14 aos 29 anos) se você já tem mais idade que isso e ainda pensa dessa forma, não se permitiu amar alguém verdadeiramente, construir um mundo com outra pessoa, calar tantos sonhos que eram base de sua vida toda até conhecer aquela pessoa. Acontece naturalmente, você não sente falta do passado, nem dos seus planos quando se ama, a única coisa de real valor é seu futuro com ela.
Eu mesma já jurei e ainda juro amizades/amores eternos, mas também já aceitei que metade deles já até acabaram !
Já jurei com a mão no coração e a outra na bíblia, na frente de um júri (exagero) na frente de todos que nunca ficaria com algum ex namorado de alguma amiga minha, mesmo se um dia nem falasse mas com ela... bem, encerrando esse assunto e pulando pra moral da história é que, mantenha sim a educação e ética que seus pais te ensinaram, mantenha sua moral o mais alto que você conseguir, mas no final se não conseguir e acabar fazendo algo acima dos seus preciosos princípios, te perguntarei : “Doeu?”, “foi bom?”, “te fez feliz?”, “fez?”, (risada) “viu?”

sábado, 16 de outubro de 2010

Otária


Esperança vazia, fé boba de uma menina mimada que inventa motivos para ir embora e sabe quantos minutos leva para irem correndo buscar. Bate o pé, diz “não”, xinga, magoa até a quem não queria. Diz por ai que ama sua paz e sua liberdade acima de tudo, e nunca parou para pensar que um dia iriam cansar, que um dia iriam lhe dar a “sua paz” e sua digníssima liberdade. Agora toma. Agora você têm, sua babaca! E ficar escrevendo sobre si mesma na terceira pessoa melhora em alguma coisa??? 

Pronto, agora você tem liberdade, tristeza, solidão e muita inspiração para escrever... Vai sobrar silêncio para se concentrar, OTÁRIA!!!



– Ully Stella 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

TOMA


Duas horas da manhã; abajour de luz verde aceso, frio, papel em branco, coração encolhido; pequenininho, sofrendo pela minha falta de atenção a ele.
Foi-se embora, saiu do meu coração e agora esta lá, se aliando a tudo que abomina, rezando em pensamento para que a ressaca de amanhã seja mais forte que a vontade de me ligar. E só o que eu conseguiria esboçar com dor no tom de voz é: - “eu sinto muito!” 


Sei que meu joelho vai doer de tanto orar por você, mesmo que consiga ser feliz, mesmo que esteja forçando esta felicidade, ainda vou estar orando por você. No fundo eu vou estar pedindo pelo que nos foi tirado, pelo lugar vazio que dói e reclama dentro da gente, igual fome.


Agora, toma, mesmo que vá jogar na primeira lixeira que encontrar, toma: Uma metade de mim, a metade que lhe cabe, a metade que eu mudei por você, a metade que é completamente tua, que não sabe ou nunca saberá o que fazer da vida sem você. A metade que agora sem uso, perde as forças e quase me entorta fazendo peso na outra metade que ainda resiste. Toma. Não se preocupa não, só vai fazer falta até eu inventar outra coisa para colocar no lugar. Você não tem escolha, é seu, mesmo sendo DE mim, é você!



– Ully Stella 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Entre Um Riso E Um Grito






“A esperança Dança
Na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar
Azar.
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar”
Elis Regina






Hoje minha sensação é de que se eu rir, vou rir tão alto que vou assustar todo mundo. Vai ser uma risada tão sarcástica, carregada de tanta tristeza que faria todos chorarem de medo. Porém, parece que se eu chorar e descarregar todo o ressentimento e desejos ruins que se alojaram dentro de mim, todos vão rir... e ainda soltar um daqueles: - "eu te avisei!" 
Aquela frase mesmo, que nos mata.


Minha vontade mesmo era ficar aqui, escrevendo textos deprimentes, com essa face bucólica e a boca aberta entre uma gargalhada e um grito.
O tempo é certo, mas injusto muita das vezes. Não quero esquecer minhas vitórias e nem as vezes que dei com a fuça no chão; os momentos ímpares, ou em pares; aqueles chorinhos antes de dormir, que dão até mais sono... Por que não é isso que nos faz ser o somos? O que é digno de ser lembrado e principalmente o que não é? Parece que não. O tempo leva até o que eu jurei lembrar, carrega minhas promessas, faz piada com elas; cura a cicatriz que eu me orgulharia de levar no corpo, estanca a dor e seca o chorinho antes que eu possa acordar. 


Mesmo querendo morrer, me mudar, ficar loira de blondon e agarrar o primeiro bonito que olhar a minha bunda, me basta a certeza da gargalhada que o tempo nos trás quando lembramos desses momentos, depois que deixamos ele fazer a parte dele. Não prolongarei minha discussão com o tempo, para que ele não me deixe morrer afogada com o chorinho que não secará de raiva. Vou fingir essa gargalhada alta, vou fingir até ter motivo para ter uma verdadeira.


– Ully Stella 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Diferença Notória

  Quando se é feliz, só conseguimos pensar em felicidade, em como é bom ser feliz. 

Quando se é triste, só conseguimos pensar em felicidade, em como é bom ser feliz.
Mas a diferença é notória, em uma você é a própria felicidade, na outra você inveja do outro, o que você não tem !



– Ully Stella 

Chuva No Lago

Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono. Tudo rindo seria cansativo. Mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida...” Quicas Borba: Machado de Assis



Eu? Eu quem?
Eu que tenho o menor e mais insignificante de todos os problemas do mundo? Eu que não abaixo a cabeça nem para enxergar a pedra que me faz tropeçar? Eu que já não conheço qual é a verdade entre realidade e o que eu inventei? Eu que, hoje me canso de me colocar como a melhor, sem reconhecimento, porque acreditei tanto que teria coisas na vida que eu nunca faria, acreditei que teria nomes e pessoas a honrar...


Usei de falsos princípios para esconder de todos, até de mim mesma, que nunca deixei de fazer nada por ninguém. Há muito que tranquei a moral que eu tenho com a vida, e perdi as chaves num desses becos escuros, sem saída, esses becos que a gente sabe que não deve nem entrar. Meus pecados não eram mortais, nem nenhum crime, mas o suficiente para eu já não possuir mas, aquela mão que se usa para bater.


Eu tenho tão poucos motivos para ser triste que arranjo de pequenos pretextos, como um pecado não julgado, para colocar um casaco em um dia de sol e me esconder atrás de casa com papel e lápis.
Minhas revoltas tem tanto efeito quanto chuva num lago; só volta de onde veio. Nuvem acumulada que molha a própria água, por não ter nenhum motivo para molhar outro lugar. Ciclo - chato e - infinito...


Mas não demora muito e lá vem o sol, para evaporar com as minhas lamúrias, regar de luz a parte escura da minha imaginação que cria texto feio.

Não tenho nenhum problema com o sol, a chuva, nem com o nublado. Meu problema é com a previsão. Tudo que é previsível é tedioso. Não existe céu azul com vento forte que me conforte ao tédio. Por isso me revolto com o objeto mais próximo de mim - eu mesma - e faço chover.


– Ully Stella