domingo, 24 de outubro de 2010

Moro Onde Sempre Quis Morar

Eu não tenho filosofia: Tenho sentidos...
Se falo na natureza não é porque saiba o que ela é
Mas porque a amo, e amo-a por isso.
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...”
Alberto Caeiro (Heterónimo de Fernando Pessoa)



Dias cinzas; um tom tão cinza quanto o cinza que possui um céu cinza. Céu cinza vem acompanhado de vento forte, daqueles que levariam seus cabelos embora se não estivessem presos a raiz de sua cabeça, mas esses ventos levam embora algo que não vem presos no ser humano, a paciência de quem não esta em dia com a paz de espírito.

Mas eu? Eu não. O vento que leva sua paciência embora, é o mesmo que me trás pensamentos livres e tão leves que me fazem erguer a cabeça e tentar fitar a última folha da árvore mais alta. Pareço inerte, preguiçosa, interessada em mortes e bezerras, mas meu pensamento é ativo, viajante, peregrino.


Nunca chorei com novela, mas sorrio para todos os pássaros. Não quero a alienação fazendo parte de mim, mas a parte irônica, é que não se pode largar a televisão para olhar a lua, que os telespectadores apontariam como alienação.

Nessa sociedade, onde tudo é moda, tudo passa, onde não existe valores, alguém reparou que nenhum brinquedo satisfaz mas uma criança; nenhum giga byte satisfaz a rapidez que o jovem quer; nenhum prazer sexual ou alcoólico satisfaz a vida do adulto; nenhum remédio rejuvelhece o ancião.
E eu aqui mais confusa que as letras de Caetano, me arrisco em uma certeza, nesses opacos dias cinzas: Você não pode dizer que um prédio alto é lindo, se nunca parou embaixo de uma árvore e olhou para cima.


– Ully Stella 

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