terça-feira, 12 de outubro de 2010

Entre Um Riso E Um Grito






“A esperança Dança
Na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar
Azar.
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar”
Elis Regina






Hoje minha sensação é de que se eu rir, vou rir tão alto que vou assustar todo mundo. Vai ser uma risada tão sarcástica, carregada de tanta tristeza que faria todos chorarem de medo. Porém, parece que se eu chorar e descarregar todo o ressentimento e desejos ruins que se alojaram dentro de mim, todos vão rir... e ainda soltar um daqueles: - "eu te avisei!" 
Aquela frase mesmo, que nos mata.


Minha vontade mesmo era ficar aqui, escrevendo textos deprimentes, com essa face bucólica e a boca aberta entre uma gargalhada e um grito.
O tempo é certo, mas injusto muita das vezes. Não quero esquecer minhas vitórias e nem as vezes que dei com a fuça no chão; os momentos ímpares, ou em pares; aqueles chorinhos antes de dormir, que dão até mais sono... Por que não é isso que nos faz ser o somos? O que é digno de ser lembrado e principalmente o que não é? Parece que não. O tempo leva até o que eu jurei lembrar, carrega minhas promessas, faz piada com elas; cura a cicatriz que eu me orgulharia de levar no corpo, estanca a dor e seca o chorinho antes que eu possa acordar. 


Mesmo querendo morrer, me mudar, ficar loira de blondon e agarrar o primeiro bonito que olhar a minha bunda, me basta a certeza da gargalhada que o tempo nos trás quando lembramos desses momentos, depois que deixamos ele fazer a parte dele. Não prolongarei minha discussão com o tempo, para que ele não me deixe morrer afogada com o chorinho que não secará de raiva. Vou fingir essa gargalhada alta, vou fingir até ter motivo para ter uma verdadeira.


– Ully Stella 

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