quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Abra A Janela



A dúvida é autora das insônias mais cruéis”
Nelson Rodrigues









Todo dia antes de dormir escuto barulho de chuva.
Não importa o que eu faça, os desejos que eu realize, orações que eu faça... Toda noite eu volto para o mesmo lugar, volto a ser a mesma solitária. Toda noite divido a cama com 2 horas de insônia, nariz escorrendo, olhos vermelhos e ardidos,  pensamentos e pensamentos... e o meu barulhinho de chuva nos ouvidos.

Não sei em que parte da vida expulsei o choro e a tristeza da minha vida, os proibi de aparecer do meu lado em foto, de serem meus amigos. Sou quase que incapacitada de assumir meus males. As lágrimas tem medo de mim, escorrem correndo, para que eu não as veja. De manhã o rosto esta seco.

Julgo a tristeza um dos sentimentos mais dignos de serem vividos. Já vivi momentos que antes de acontecerem, pré julgava como momentos que não iria suportar. Suportei. E ainda está para existir momento ou pessoa digna da minha tristeza real. Ou não.

Queria poder não confundir certas coisas. Hoje tive que abrir a janela para ver se eu não estava enlouquecendo. Está chovendo mesmo.
Mas quantas vezes eu não abri a janela para saber se eu não estava deixando passar algo ou alguém que valeria a pena chorar, por pensar que era só o meu coração dormente, mandando mensagens erradas para minha cabeça?

Todas as noites eu durmo tranqüila com o meu barulhinho de chuva nos ouvidos, mas hoje eu vou dormir em paz, de alguma forma. Por que eu tive forças para levantar, encostar o pé no chão frio e abrir a janela. Agora vou dormir sabendo que está chovendo, e que possivelmente, amanhã o sol secará o que molhou.


– Ully Stella 

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