quarta-feira, 13 de outubro de 2010

TOMA


Duas horas da manhã; abajour de luz verde aceso, frio, papel em branco, coração encolhido; pequenininho, sofrendo pela minha falta de atenção a ele.
Foi-se embora, saiu do meu coração e agora esta lá, se aliando a tudo que abomina, rezando em pensamento para que a ressaca de amanhã seja mais forte que a vontade de me ligar. E só o que eu conseguiria esboçar com dor no tom de voz é: - “eu sinto muito!” 


Sei que meu joelho vai doer de tanto orar por você, mesmo que consiga ser feliz, mesmo que esteja forçando esta felicidade, ainda vou estar orando por você. No fundo eu vou estar pedindo pelo que nos foi tirado, pelo lugar vazio que dói e reclama dentro da gente, igual fome.


Agora, toma, mesmo que vá jogar na primeira lixeira que encontrar, toma: Uma metade de mim, a metade que lhe cabe, a metade que eu mudei por você, a metade que é completamente tua, que não sabe ou nunca saberá o que fazer da vida sem você. A metade que agora sem uso, perde as forças e quase me entorta fazendo peso na outra metade que ainda resiste. Toma. Não se preocupa não, só vai fazer falta até eu inventar outra coisa para colocar no lugar. Você não tem escolha, é seu, mesmo sendo DE mim, é você!



– Ully Stella 

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