segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Em Branco



Desculpem a ausência.
Tenho visitantes diários no blog, parece que sempre tem alguém com a esperança de que eu poste algo. Até eu tenho também essa esperança, e todos os dias (ou quase) eu escrevo alguma coisa, mas são textos, frases e palavras sem nexo, descombinadas, desajustadas, desconectas, sempre com um mesmo sentido primário e mas sem finais ou conclusões.

Eu escrevo melhor do que falo, sinto maior do que escrevo, preciso mais do demonstro e mesmo assim, sinto necessidade de mostrar que sinto. Escrevo porque talvez eu nunca vá saber falar tal como sinto, nem explicar o quanto é importante para mim escrever, e o quanto eu amo te confundir com as minhas palavras tontas e desgovernadas, que atiram para qualquer lugar, tentando atingir alvos longínquos, quem sabe rodar o mundo e acertar a minha própria bunda.

Mas os meus últimos textos estão sendo reflexo de dias incompletos. Mas os dias acabam, estando eles completos para gente ou não. O dia tem que cumprir o seu horário, o tempo não anda mais devagar na esperança de você saltar da inércia e correr de encontro ao acaso e tentar formar uma boa lembrança, digna de alguns minutos sentada no computador buscando as melhores palavras para descrever essas lembranças.

E assim a vida, os dias vão passando, acumulando dias incompletos, desejos e sentimentos cortados ao meio, e por fim textos e mais textos acumulados sem sentido algum.
Meus dias acabam sem sentido, mas não posso me dar ao luxo de postar textos igualmente sem sentido, porque de louca e estranha, basta a fama que já cultivo à tempos. 
Meus dias hão de voltar a serem completos, com início, meios interessantes, finais ardentes ou continuações instigantes do jeito que eu/vocês estão acostumados.

Esses meus medos: de fazer aniversário, sentir menos amor, ousar, não voar, cair, escuro, muito claro, bafo, mediocridade, braços finos, aparelhos dentais, mono celha, pés lindos, mentiras, prego no olho, sol, pessoas misteriosas, e outros milhares de medos, por algum motivo, andam me afastando de completar os dias, talvez não todos esses medos, mas alguns tão grandes que me fazem aumentar o tamanho de todos os outros, me tornando alguém chato, desconfiado, pessimista, medroso... (tudo que eu não sou e odeio).

Não sei porque, a vontade me chega, sorri, me chama pra sair; uma fila de vontades se faz atrás dela, todas elas com bons motivos, razões ou pelo menos pretextos para eu aceita-las e vive-las como se deve; todas minhas, todas prontas... Mas algo que eu ainda não sei reconhecer a origem, me fecha a porta, e só sobra uma vontade, uma vontade feia, com nariz pontudo e envergado, com  rugas, olhos fundos, boca ressequida, corcunda e cheia de varizes e celulites que me chama para dormir algumas horas à mais e esquecer as coisas que podem me fazer algum tipo de mal futuramente.

É triste reconhecer quanto tempo eu prezei minha liberdade, sem me deixar negar nada que me despertasse desejo, e agora me encontro sem terminar textos. Demorei mais de 4 horas pra concluir essa merda de texto, e lutei para não achar ele idiota o bastante para não postar. Idiota ou não, postei, para que até a falta de motivo para escrever, seja algo importante à ser escrito. Só pra não passar em branco, o branco que está passando por mim.

Acho melhor eu começar a fazer ficção...


– Ully Stella 

2 comentários:

  1. Como é bom ler o q vc escreve...suas palavras colocam meus pensamentos no lugar...#estranho mas é verdade!

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