terça-feira, 28 de dezembro de 2010

CocÔ Chanel

  Me perdi em pensamentos olhando aquele casal. Depois fechei os olhos e rezei forte.
Nunca tive tanto medo.
Rezei para que eu sempre tenha amor para amar, para nunca deixar de ser quem sou, nem que seja um amor pra dispensar, ou um amor para morrer de amor. 
Porque eu não quero ser mais uma garota com menos de 23 anos que se rendeu a quem não gosta, ou pior, a quem lhe dava alguma coisa em troca, por não ter a coragem de sofrer, dar a tapa pra bater ao acaso, por quem ama. Preferiu sofrer numa banheira com champagne, se secar com algodão e dormir em seda, disfarçando tanto desgosto da vida com a cobiça alheia. E vive disso, vive tentando convencer (a si mesma) aos amigos e familiares da sorte, e da maravilhosa vida que tem com quem poderia ser seu pai.
E diante dessa cena, imploro a Deus, e as minhas forças interiores (que me restam): - Não quero perder o gosto da vida que tenho, e a graça que vejo em arriscar, em algo à mais, em pessoas à mais, em momentos à mais... mas que eu saiba o ponto de parar, ou até de voltar, pras coisas essências.
A fé que tenho, que guardo no bolso, como um pé de coelho, um tau no pescoço, é de viver até mais do que posso, e perder só o que for necessário ser perdido, não lotar o pote, e não o deixa-lo vazio.
Quando alguém se rende ao dinheiro e a inveja dos outros para ser feliz, ela automaticamente, precisa dos outros para ser feliz. No dia que todos não precisarem olhar para os lados, e se bastarem, as pessoas que precisarem das invejas alheias, ou cometerão suicídio, ou aprenderão a amar a vida e deixar de lado o trivial, o que é de ouro, de cristal, de DG, de CoCo e de CoCô.
Um dia quero poder ter dinheiro, viajar, explorar e conhecer pessoas diferentes, raças, línguas e culturas, realizar os sonhos que nem sonhei, sem ter como objetivo central, o intuito de postar na internet após a viajem. Queria poder dar um selinho na Hebe Camargo e trocar uma idéia com o Jô sem precisar aparecer na televisão.
E quero continuar não tendo as pretensões ruins que hoje não tenho, as mínimas maldades em cima do que não posso ter, que a minha cobiça não seja nada além de todos os cajuzinhos que a minha tia possa fazer.
Quero que todos que eu amo, tenham por quem viver, quem amar, que sejam amados de volta e se bastem para viver, e que todos desejem isso a todos que conheçam, que desejem a todos que conheçam também ... num circulo vital e infinito. 
Quero que uma garota linda, leia o que eu escrevi, e peça desculpas ao pai por ter saído de casa e largado a escola, e encontre quem a faça feliz de verdade, mesmo com a renda baixa e um carro popular. Quero que um homem mesmo que já depois dos seus 50 anos, perceba que pagar as luxurias de uma garota, para ele mostrar aos amigos não o faz feliz como deveria fazer, e finalmente pergunte aos filhos como foi o dia.
Quero mais amor, e sinto que preciso rezar mais! 


"Minha fé no pescoço." (Tau)

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