quarta-feira, 23 de novembro de 2011

(sus)pirando

Ela suspirava muito alto, vezes seguidas. Insatisfação.  A consciência latejava como pés que andaram demais.
Mordo minha língua. Enlouqueço de dor. Choro. Raiva.

- "Bebe um café quente para adormecer a língua."

Penso se existe alguma coisa quente que adormecesse a mente. Esqueço. Bebo. Engasgo. Tosse... Morrerei!!! No chão. Chorando. Desespero - que se difunde com resquícios de raiva de segundos atrás que não secaram.
Levanto. O  sorriso forçado que eu enxergo, embaçado por lágrimas, não é nem de  céu, nem de inferno. Dor no peito.

Não morri sufocado pelo café tão quanto sufocado com a realidade que procede esses sustos em que quase morremos, mas se não morremos, então nada muda.

Outro suspiro alto avisa que o dia continua.
A caneta falha... Suspiro também.

– Ully Stella

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