quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Que Acontece Dentro Do Abraço:


Ele veio junto com os ipês roxos do inverno; inverno difícil e nunca antes solitário. A encaixou num abraço estranho, mas com tanta vontade de abraçar, tanto calor para oferecer, e mais ainda, vontade de ser com ela, que ela aos poucos foi cedendo seu corpo aos espaços do corpo dele e foram criando os encaixes onde, aparentemente, não existiam. Mas era óbvio que aquilo nunca seria apenas corpóreo, mais honesto seria se assim fosse: só atração.. e racham a conta depois. Não. As necessidades que se transferiam de um corpo para o outro, dentro daquele abraço, eram necessidades antigas, com passado, contratos assinados, violados, concluídos; tinham argumentos, bagagem, sentimentos, muitos sentimentos, dores, desencantos, mas o que mais sobressaia de toda essa entrega de espírito que faziam sem querer, era uma vontade imensa e mútua de se encantar novamente, e sabe se lá porque, os dois achavam que dentro daquele abraço estranho, achariam. E achando, o abraço já deixaria de ser um estranho, também não seria um conhecido, nessa situação não caberia ser irmão, mas, marido e mulher não era coisa para se pensar ainda.

Veio estrangeiro, tendo visto quase tudo dessa vida, maduramente forçado, louco para ser garoto de novo, quando não era conhecido como o estrangeiro. O coração dela também era estrangeiro, mas que o peito a que ele pertencia, jamais havia saído daquele lugar, mas era um coração rico, que viajava em amores para não pagar imposto para razão que governava.

E com toda aquela diferença, com toda aquela falta de razões para se encontrarem, aqueles dois corações – o medroso e o desgovernado – aceleravam como quem leva um susto. E eram aquelas batidas fortes que transferiam toda a história para aquele momento, colocando os dois de frente, os fazendo quase incapazes de dizer não, os dando papel e caneta na mão para começar a escrever essa história.

E se você ai, está lendo essa história... Ah, então é por que foi mesmo verdade... Foi inegável o sentimento.  


Ully Stella



Um comentário:

  1. Melhor que ler teus textos , é ler teus textos com trilhas sonoras tão boas quanto o próprio conteúdo da leitura.

    Deliciei-me !

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