segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Bel-Prazer









Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra
Eu quero tudo
Que dá e passa
Quero tudo que se despe
Se despede e despedaça.” Lenine






Confundo as cinzas de uma manhã fria; fumaça e neblina. Enterrando meus erros na terra preta, confundo com tua pele morena. Cavo com mais força, não encontro nada. Despejo o que preciso e cubro de novo. Confundo tuas santas verdades com a minha curiosidade no que ainda não me disse. Quebro um copo, vejo teu rosto na parede, confundo minha falta de paciência com violência e te soco, mas soquei a parede.
 Embriagada, vomitando meus resquícios, confundo a importância de respirar com a sua importância. Porque se ao invés de minhas brincadeiras casuais, te dissesse ao certo o que sufoca minha garganta, me trazendo de volta o ar, minha falta de fôlego seria tua então.

Confundo a verdade com o que quero que imagine;
Confundo vontade com o que quero que nunca termine;
Confundo minhas vaidades com a beleza de um menino.

Te confundo, bem no fundo, no fundo da minha alma frustrada em não te conseguir um pouco mais inteiro depois de qualquer tequila. Te confundo lindo por trás de todo meu eu sujo. E quando te vejo... Ah... me confundo mais! Sua presença me cega, me amolece. Passo a não precisar de mais nada. Não reclamo, me derramo, esqueço o que eu queria dizer... E tu vais embora, sem olhar para trás e dar um pouco de esperança que voltarás, para quem só vira as costas depois que tu já tenha virado a esquina, sumido da vista. Ás vezes demora até mais. Fico esperando você voltar correndo, e rindo, me dizer que não retribuiu o olhar por brincadeira, só para ver se eu iria esperar.

Enquanto degusta e tenta digerir meu banquete de mim, que te sirvo bel-prazer, te olho indo para longe, sumindo da vista e morrendo de fome de você.
Confundo meu sincero momento com a pressa de te devorar inteiro.

– Ully Stella

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