quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sobre Felicidade e Portas


“A loucura é diagnosticada pelos sãos, que não se submetem a diagnóstico. Há um limite em que a razão deixa de ser razão, e a loucura ainda é razoável. Somos lúcidos na medida em que perdemos a riqueza da imaginação”
Drummond de Andrade



06:00 AM, no telhado, de roupão e meias, descabeladamente normal, papel com caneta, café no chocolate e colher dentro da caneca do Flamengo – apoio de dedo escritor e desanimado.
Animais irracionais são os passarinhos... Ou talvez só menos prepotentes em ditar suas racionalidades e mais importados em acordar cedo e cantar a luz que mantém todos nós vivos. Saldam o sol com a misera e breve vida, enquanto o homo sapiens tem crenças estranhas e fazem ligações entre inventar sonhos e sonhos dormidos, como se a resposta da vida deles estivesse dentro do seu travesseiro. E é claro, em realizá-los.  Não me entenda mal, não estou falando para desistir dos seus sonhos, nem do seu travesseiro, por saber que os passarinhos encontraram a felicidade no que julga pouco. Os passarinhos que estão errados. Irracionais.
Meu felino ronrona aos meus pés. Ronrona como quem louva a Deus; olhos fechados e cabeça voltada pro céu. Ergo minhas mãos para roubar um raio de sol que a folha de coqueiro deixou passar... E percebo então, que mesmo que tenha sido a tristeza a me deixar acordada a noite inteira, é a paz que me aguarda toda manhã.
Esqueça toda essa idéia de que felicidade bate em portas. Essas portas não existem! Saia agora dessa casa ilusória, fechada em preocupações e insegurança de abrir a janela para essa luz da manhã... Futuro algum por mas bem sucedido que seja, suporta uma caminhada de ansiedade.
Lembra você criança e sua mãe mandando você não correr? Ela sabe que não adianta correr, uma hora você vai ter que parar, porque não vai chegar a lugar nenhum sem ela. E quando você não a escutava e corria mais, tropeçava e caia? Também tinha que esperar ela chegar pra cuidar das feridas. O tempo leva a embora a obrigação de nossas mães de cuidar das nossas feridas e de nos mandar parar de correr. O tempo torna-se nossa mãe, com as mesmas mensagens e o dom de curar feridas. E só os ansiosos se revoltam contra a própria mãe.
Não corra criança, não deixe de sonhar mas viva... Respire fundo, de olhos fechados e cabeça virada pro céu, cante como o bobo do passarinho, louve, e perceberá que sonho é qualquer coisa que te dê paz. Sonho é qualquer coisa que fazemos de alma limpa, coração calmo e mente aberta.

– Ully Stella

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