sábado, 3 de março de 2012

A Gorjeta Do Diabo


Lhes juro. E dessa vez sem acréscimos nas próximas prestações de uma consciência pesada. Lhes juro. Porque dessa vez não peguei nada emprestado. Lhes juro. Como uma boa pessoa haveria de jurar algo do que ela tem plena certeza. Lhes juro dessa vez, com a verdade de uma pessoa que nunca fui, mas que eu jurava ser. Juro que não me imagino em qualquer outro lugar que não seja o que eu estou agora.

Paguei com juros todos os meus juramentos que caíram por terra depois de uma tempestade de cuspes para o alto. Tempestade que levou também os meus tantos “e se”, que me ocupavam de tal maneira que só percebi o quanto tinha de incertezas, vendo o tamanho do espaço que sobrou em mim. Espantada, calculei tudo que eu poderia construir ali. Caberia a realização dos meus sonhos, caberia também mil formas de incentivar os sonhos de quem estiver do meu lado, caberia paciência, tranquilidade, caridade, uma casinha pequena com cheiro de bolinho de chuva a tarde, uma manada de elefantes, o litoral de um mar azul calmo, sombras para o sol e mais uma lua num céu infinito de paz. Caberia uma família de sentimentos bons; caberia uma família, caberia a responsabilidade de ter uma família.

Achei também nesse imenso espaço em mim, a continuação de uma mina de ouro que eu achava que era pequena e que eu já tinha explorado tudo que havia nela. Ainda não achei o final dela. Meu ouro se chama fé.
Acordar para a vida é como ganhar na loteria. Do nada você se vê rico! Fiquei lembrando quanto tempo demorei e perdi para me dar conta. Fiquei até um tempo rindo da expressão “se dar conta”.

Se deem as vossas contas!!! Calcule o valor de cada sentimento ruim que você se serviu por anos.  Todo aquele sofrimento que você usou como sal para temperar sua vida, a inveja, a soberba, o ódio, as mentiras e falta de amor, e para engolir tudo isso, só bebendo mágoas, incertezas, vingança e infelicidade. Não se esqueça de todos os estragos que fez, tudo que quebrou em julgamentos hostis com os que sentavam a sua volta. Perceba que já tem como pagar por tudo isso, e que o medo da vergonha e humilhação pública te causa ainda mais angustia. Abra aquela parte da mente que você guardou dentro da carteira, que você deixou para a maior das emergências, e pague por tudo com suas valiosas quantias de humildade, de misericórdia para quem te fez sofrer, e perdão para quem você fez o mesmo. Faltando, pague com o coração que você também guardou na carteira a tempos, ele transforma nossas dívidas em esperança e ás vezes até amor por quem devemos.
Pague com Fé em Deus a gorjeta do Diabo que lhe serviu tudo isso!

Agora parcele sua felicidade em 1200 meses com altos juros. Isso vale a pena jurar.

– Ully Stella


Um comentário:

  1. Que bonito Ully...intimista e ao mesmo tempo tão próximo de cada um que lê com o coração...gosto muito de ler teus escritos!

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